
A mudança de comportamento também pode ser uma forma de liberdade. Esse é o propósito de quem vem sendo guiado pelo grupo Refletindo Masculinidades, iniciativa do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen), por meio da Divisão de Monitoramento Eletrônico (DME), que encerrou mais um ciclo de encontros voltados a homens que cumprem medidas cautelares ou penas relacionadas à violência doméstica nesta sexta-feira, 28.
Ao longo de dez encontros, o projeto busca promover reflexões profundas sobre comportamento, emoção e responsabilidade afetiva, criando caminhos para que esses homens possam reconstruir suas relações e suas visões de mundo, longe da violência.
Participante do grupo, W. F. resumiu o impacto que a experiência teve em sua vida com gratidão. “A gente agora tem uma responsabilidade. A gente aprendeu a trabalhar com a emoção, com a ansiedade e acho que a gente vai ter uma visão mais ampliada sobre a mulher, sobre relacionamento e seguir a vida”, destaca.
A supervisão judicial é parte importante do processo. A juíza da 2ª Vara de Violência Doméstica, Natália Guerreiro, explica que os grupos reflexivos se consolidaram como uma política eficaz de prevenção à reincidência.
Segundo ela, estudos apontam que homens que concluem esse tipo de formação apresentam um índice de reincidência de apenas 4% no país. No Acre, esse número cai para 2%, resultado considerado altamente expressivo no enfrentamento à violência doméstica.
“Esse curso oferece a esses homens ferramentas que, em toda a vida, eles não tiveram. Ferramentas para lidar com as emoções, com os sentimentos, com impulsos de ciúmes ou de violência, com a fuga da realidade através do álcool ou outras drogas. Aqui eles encontram um espaço de confiança, com outros homens que vivem situações parecidas”, ressalta.

A magistrada também destacou o papel do Judiciário em estimular novas possibilidades: “Muitas vezes, não adianta apenas condenar. É preciso dar oportunidade de mudança. Depois que eles têm essas ferramentas e, mesmo assim, voltam a cometer violência, aí a situação se torna mais complicada. Mas enquanto houver chance de transformar essa realidade, nós vamos tentar.”
Na execução do projeto, a assistente social Tânia Filgueiras, do Núcleo Social da DME, comemorou o encerramento de mais um ciclo, o quinto e sexto do ano, e lembrou que ao longo de 2025 foram realizados seis grupos semelhantes.
“O Grupo Reflexivo aborda vários temas direcionados ao público masculino, como machismo, masculinidade tóxica, saúde do homem e objetificação da mulher. É um processo de autoconhecimento e autoconscientização”, explica.
Ela reforça que a participação é obrigatória e exige comprometimento. Ainda assim, a permanência dos que concluem o ciclo revela o interesse em romper com padrões violentos.

“Hoje nós estamos finalizando esse ciclo e vamos reabrir novas turmas em 2026. O objetivo é continuar trabalhando essa mudança de comportamento, para que eles possam refletir e agir de forma diferente em suas relações”, completa.
Com resultados concretos e histórias transformadas, o grupo se firma como uma ferramenta essencial no combate à violência doméstica no Acre, mostrando que prevenir também é proteger e que aprender a sentir pode ser o primeiro passo para viver em liberdade.
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