A divulgação da nova forma de retirada do IPTU 2025 em Buritis (RO) tem gerado grande confusão entre moradores e autoridades locais. A ausência de uma campanha educativa clara e a falta de instruções acessíveis para a população resultaram em confusão generalizada, especialmente entre idosos e pessoas com pouca familiaridade com ferramentas digitais.
O novo modelo adotado pela Prefeitura deixa com que o contribuinte acesse o carnê por meio de um sistema online automatizado. A consequência foi uma onda de dúvidas em grupos de WhatsApp e redes sociais, onde moradores relataram não entender como obter o documento.
“O robô não entende quando a gente manda áudio, e se responde errado, ele não te ajuda. Nem parece que pensaram na realidade da nossa cidade”, disse um morador por áudio em um grupo de WhatsApp.
Para reverter a equipe de marketing foi correndo fazer o vídeo, mas a confusão já estava feita.
Até mesmo alguns vereadores não foram previamente informados da mudança, ou não entenderam, já que um deles divulgou um vídeo faltando a informação de que o IPTU continuaria sendo entregue em casa, o que indica falha no fluxo interno de comunicação da gestão municipal. A omissão no fornecimento de orientações básicas pode ferir o princípio da publicidade, previsto no art. 37 da Constituição Federal, que exige que os atos da administração pública sejam divulgados com clareza e de maneira acessível à população.
Outro ponto que tem gerado críticas é a atuação da equipe de marketing do prefeito nas redes sociais. Em vez de prestar contas com objetividade, a comunicação institucional tem sido marcada por publicações que promovem a imagem pessoal do gestor, inclusive com uso de recursos da estrutura pública, como colabs entre o perfil da Prefeitura e o perfil pessoal do prefeito.
Essa prática pode violar o princípio da impessoalidade, também previsto no art. 37 da Constituição, que proíbe o uso da máquina pública para fins de promoção pessoal. O Supremo Tribunal Federal já firmou entendimento de que esse tipo de publicidade é inconstitucional, como ficou estabelecido na ADI 3.223/DF.
Mesmo após críticas de especialistas e da imprensa local, as postagens continuam no ar, sem qualquer retratação ou correção.
Enquanto a Câmara Municipal de Buritis tem sido elogiada pela transparência e clareza na divulgação das ações legislativas, a Prefeitura enfrenta acusações de desorganização e falta de preparo técnico.
Segundo a Lei Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), a gestão pública deve atuar com eficiência, planejamento e transparência. A repetição de falhas, como as ocorridas no caso do IPTU e nas publicações institucionais, pode comprometer a credibilidade da administração e, em casos mais graves, ser alvo de questionamentos legais.
A população segue cobrando melhorias, esperando que a comunicação institucional seja usada para informar com responsabilidade e não para apagar crises ou inflar imagens pessoais.