Na tarde desta quinta-feira (14), as autoridades prenderam o médico João Batista do Couto Neto, suspeito de causar a morte de 42 pacientes e lesões em outros 114, em um hospital de Caçapava, interior de São Paulo. As acusações incluem a realização de quase 30 cirurgias por turno, procedimentos desnecessários e até um diagnóstico falso de câncer raro.
Couto teve sua prisão preventiva decretada após ser indiciado pela Polícia Civil por homicídio doloso em três inquéritos, com mais 39 investigações de homicídio e 114 de lesão corporal em curso. O cirurgião foi detido enquanto atendia em um hospital do interior de SP.
O advogado de Couto, Brunno de Lia Pires, classificou a prisão como "absurda e imotivada", anunciando a intenção de entrar com um pedido de habeas corpus.
Uma técnica de enfermagem que trabalhou com João Couto revelou que o número elevado de cirurgias diárias chamava a atenção da equipe. "Ele fez em uma manhã, 27 cirurgias, uma manhã só. Não é possível", afirmou a profissional, que preferiu não ser identificada.
Os indiciamentos se referem à morte de dois homens e uma mulher, e o delegado Tarcísio Kaltbach explicou que há desafios consideráveis nas investigações, incluindo procedimentos complexos e uma extensa documentação a ser analisada.
Desde outubro, não há medidas cautelares impedindo Couto de realizar cirurgias, embora uma decisão anterior tenha previsto uma proibição por 120 dias, cujo prazo expirou. O advogado do médico afirmou que, mesmo sem restrições, Couto optou por não realizar cirurgias, pelo menos por enquanto.
João Couto, registrado no Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) em fevereiro deste ano, enfrentava uma suspensão em sua licença, conforme confirmado pelo Cremesp. O médico deve passar por uma audiência de custódia em São Paulo.
Com surpresa a Defesa recebeu a notícia da decretação da prisão preventiva do médico João Couto Neto. A decisão não se reveste de qualquer fundamento fático ou jurídico e constitui clara antecipação de pena, com a finalidade de coagir e constranger o médico. Impetraremos ordem de habeas corpus o mais breve possivel para fazer cessar a absurda e imotivada prisão.