Na Amazônia, um cenário desolador está se desenrolando à medida que a seca histórica e o aumento da temperatura da água impactam os mamíferos aquáticos, principalmente os botos-cor-de-rosa e tucuxis. A líder do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), Miriam Marmontel, adverte que o calor e a crise climática estão ceifando a vida desses animais de uma maneira jamais vista. Enquanto o mundo observa o derretimento de geleiras no Ártico, a Amazônia testemunha uma crise equivalente, mas com consequências igualmente devastadoras.
A apenas 200 quilômetros de distância, os lagos Tefé e Coari, que desembocam no Solimões, estão experimentando uma tragédia semelhante. Desde 23 de setembro, a região testemunhou a morte de 155 botos-cor-de-rosa e 23 tucuxis no Lago Tefé, com a certeza de que mais mortes ocorreram em outros lagos da área. A seca sem precedentes, agravada pelo aquecimento do Oceano Atlântico Tropical Norte e um evento de El Niño em 2023, está causando estragos na região.
Cerca de 10% da população de botos do Lago Tefé desapareceu em uma semana, um aumento alarmante em comparação à média de uma ou duas carcaças por mês. A fragilidade do sistema respiratório dos botos-cor-de-rosa agrava a situação, com casos de pneumonia e parasitos nos pulmões. A poluição do ar devido às queimadas intensas também contribui para a tragédia, tornando o cenário ainda mais sombrio.
A hipótese mais provável é que o estresse térmico levou os botos a pararem de se alimentar e, como resultado, perderam a capacidade de regular a temperatura corporal. Isso levou ao aumento da pressão sanguínea, levando a colapsos cerebrais e mortes.
O IDSM está monitorando outros lagos na região amazônica, enquanto instituições e ONGs se unem para enfrentar essa tragédia ambiental. O drama dos botos na Amazônia é um alerta urgente para a necessidade de medidas conjuntas para a conservação da região, crucial para o equilíbrio ecológico global.
Nesta seca histórica, a Amazônia sofre com incêndios florestais, altas temperaturas e aumento do desmatamento. A morte de 178 botos na região é um lembrete impactante da importância da conservação da Amazônia.