Na região Norte do Brasil, a seca extrema tem levado diversas espécies de animais a buscar refúgio onde podem. Um exemplo desse comportamento é registrado em um vídeo feito por um morador do Baixo Madeira, em Porto Velho, que mostra uma aglomeração de jacarés em um igarapé dentro da Reserva Extrativista (RESEX) Lago do Cuniã. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), essa migração é uma resposta natural dos jacarés à seca de alguns lagos da RESEX, levando-os a procurar áreas que ainda contenham água, como os igarapés. Os jacarés pertencem às espécies açu e jacaretinga, sendo adultos com idades entre 30 e 40 anos.
O ICMBio esclarece que esse comportamento é completamente normal durante o período de seca e que a população dessas espécies na região está em equilíbrio. Em 2012, a comunidade estimava uma população de 36 mil jacarés dessas espécies, e, surpreendentemente, não existe uma superpopulação no local.
Para manter o controle das espécies de jacarés de forma sustentável, o ICMBio implementou um projeto que permitiu o abate dos jacarés na Reserva a partir de 2020. Esse projeto visa preservar o equilíbrio da cadeia alimentar, gerar renda e garantir a segurança dos moradores, especialmente dos pescadores. A cota anual para o abate inicia após o mês de agosto e é aplicada apenas aos machos, com 70% para a espécie Jacaré-açu e 30% para Jacaré tinga. A carne é processada em seis tipos de cortes.
No entanto, em 2023, o abate desses animais não ocorreu devido a problemas internos na Cooperativa de Pescadores, Aquicultores, Agricultores e Extrativistas da Reserva Extrativista do Lago do Cuniã (COOPCUNIÃ), que é responsável pela regularização e licenciamento ambiental do frigorífico.
O ICMBio enfatiza que a ausência do abate durante esse ano não resulta em uma superpopulação, uma vez que a espécie se mantém estável, independentemente do projeto de manejo em andamento.