O Atendimento Pedagógico Domiciliar (APD) tem transformado vidas e garantido o direito à educação de crianças e adolescentes impossibilitados de frequentar a escola no Acre desde 2003. Desenvolvido pela Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE), o programa assegura a continuidade da escolarização formal para estudantes que, temporária ou permanentemente, não podem comparecer à escola. O atendimento é realizado em domicílio, hospitais, unidades de internação, hospital-dia, hospital-semana e serviços de atenção integral.
Um dos exemplos de superação é o de Guilherme Valeriano, de 19 anos, aluno da 3ª série do ensino médio da Escola Senador Adalberto Sena, em Rio Branco. Diagnosticado com linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer que afeta o sistema linfático, Guilherme tem sido acompanhado pelo programa desde o 6º ano do ensino fundamental.
Com o sistema imunológico comprometido, ele não pode frequentar a escola presencialmente, mas continua os estudos em casa com o apoio do APD — assim como outros 115 estudantes atendidos atualmente.
“A experiência tem dois lados. É bom porque posso estudar tranquilo em casa, sem distrações, mas o lado ruim é não ter o convívio com outros colegas. A interação faz falta. Mesmo assim, é muito importante poder continuar estudando. Se não fosse o programa, eu estaria parado, sem nenhuma preparação para o Enem e para o futuro”, conta Guilherme, que sonha em cursar administração ou contabilidade.
A rotina de estudos é acompanhada de perto pela professora Janaina Ribeiro, formada em letras/inglês, que há três anos visita Guilherme semanalmente para garantir o mesmo conteúdo das aulas regulares. Além de ensinar disciplinas fora de sua área de formação, Janaína destaca que o trabalho exige preparo, empatia e flexibilidade.
“O APD assegura que o aluno tenha o mesmo direito à educação, mesmo com suas limitações. Eu sigo o currículo e mantenho contato com os professores da escola para garantir que ele receba os mesmos conteúdos. É um trabalho muito gratificante. Guilherme é um aluno exemplar, esforçado, e me inspira a sempre dar o meu melhor”, afirma.
A mãe de Guilherme, Danissan Ferreira, ressalta o impacto positivo do programa na vida do filho. “O atendimento domiciliar foi essencial para que ele não ficasse parado. Mesmo enfrentando o tratamento e as recaídas da doença, o Guilherme segue motivado e com esperança no futuro. Esse acompanhamento fez toda a diferença”, destaca.
Reforçando a relevância do tema, o Acre será palco de um dos mais importantes eventos de educação inclusiva do país . Entre os dias 21 e 23 de outubro, Rio Branco sediará o 13º Encontro Nacional de Atendimento Escolar Hospitalar e Domiciliar (ENAEHD) e o 3º Simpósio Internacional de Atendimento Escolar Hospitalar e Domiciliar (SINAEHD).
Promovido pela Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE), o evento será realizado no auditório do Teatro da Universidade Federal do Acre (Ufac), com transmissão online, permitindo a participação de profissionais e pesquisadores de diversas regiões do Brasil e do exterior.
O encontro reunirá especialistas, gestores e educadores para discutir políticas públicas, práticas pedagógicas e experiências inovadoras voltadas à garantia do direito à educação para estudantes em tratamento hospitalar ou domiciliar.
“Esse é um espaço de partilha e aprendizado que reafirma nosso compromisso com uma educação inclusiva, humana e transformadora. O atendimento escolar hospitalar e domiciliar é a prova de que o aprendizado pode — e deve — alcançar todos os lugares”, destaca a responsável pela orientação e acompanhamento do programa Classe Hospitalar no Estado, Clarice Oliveira.