Serrote, parafusadeira, esquadro, martelos e lixas. Mais do que o barulho de ferramentas, o som que se ouve dentro da Unidade Penitenciária de Sena Madureira, é o da esperança. “Toda vida eu gostei de trabalhar. E para quem gosta de trabalhar, ficar parado é uma doença. Só em sair de dentro da cela, todos os dias, já é uma grande ajuda para o preso e quando eu sair daqui vou continuar trabalhando com isso, porque aqui a gente faz de tudo”, disse o detento E. M. T, que trabalha há três anos e um mês na marcenaria que funciona dentro do presídio da cidade.
No local, trabalham oito presos que além de remirem pena por meio do trabalho, reaprendem a sonhar. “Eu já era profissional de marcenaria, mas tava com 16 anos que eu não trabalhava com móveis e agora que eu voltei já ajudei alguns dos colegas, que já estão profissionais também, e quando eu sair daqui eu vou continuar trabalhando com isso porque eu gosto muito”, afirmou.
A oficina, instalada pelo Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen), é parte do programa de ressocialização por meio do trabalho, existente no Sistema Penitenciário, que busca oferecer capacitação profissional e ocupação produtiva aos apenados.
Francisco Alex Souza, diretor do presídio, disse que com o sucesso da iniciativa, o Iapen estuda ampliar a oficina. “Lá é fabricado todo tipo de móveis, como guarda-roupas, cama, berço, cadeira, mesa. No passado, nós tínhamos quatro detentos trabalhando lá. A gente aumentou para seis, e agora estamos com oito, e o objetivo é ampliar pra dar oportunidade para mais detentos, para ajudar na remissão de pena deles também”.
Alécio Fernandes Paiva, coordenador de Produção do Núcleo de Trabalho, explicou que o dinheiro arrecadado com a venda dos móveis é utilizado na própria unidade: “A gente utiliza para compra de água, material administrativo, manutenção de ar-condicionado, de bomba e outros. Então, é muito importante. A gente quer que seja ampliado, mas depende de doações de madeira”.
Éder Viegas, juiz da Vara criminal de Sena Madureira, acompanha de perto as iniciativas de ressocialização desenvolvidas no presídio de Sena Madureira. “É extremamente importante essa iniciativa. Hoje a ressocialização é um dos pilares da execução penal. É gratificante ver aquela pessoa que está presa, trabalhando. Ela se sente útil. A gente percebe que o trabalho é um caminho para que a pessoa possa se se qualificar ainda dentro da unidade prisional e ao final, quando sair, ter uma profissão. Então, essas pessoas precisam efetivamente trabalhar”.
O juiz destacou que estava na unidade justamente para fazer a inspeção e verificação das condições do presídio, com base no que é determinado pelo Plano Pena Justa dentro dos seus vários eixos. “E um desses eixos consiste em buscar a empregabilidade das pessoas que estão dentro da Unidade Prisional. Então, resumindo, há uma grande importância na reinserção social”, finalizou o magistrado.
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