A deputada Antônia Sales (MDB) denunciou na sessão desta terça-feira (26), na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), a precariedade da saúde pública no Estado. A parlamentar classificou como “cenas degradantes e vergonhosas” as imagens divulgadas recentemente do Pronto-Socorro de Rio Branco, que mostram pacientes deitados no chão, em condições insalubres e desumanas.
“É inaceitável que seres humanos, em momento de fragilidade, estejam deitados no chão como se fossem pessoas sem teto ou dependentes químicos jogados à própria sorte. Isso é uma vergonha para todos nós representantes, que temos o dever de resguardar os direitos da população”, afirmou.
A emedebista defendeu a instalação de uma CPI da Saúde para investigar a aplicação dos recursos públicos destinados ao setor. Segundo ela, a Assembleia aprova orçamentos milionários todos os anos, mas a realidade encontrada nos hospitais é de abandono. “Está parecendo um filme de terror. O Pronto-Socorro é insalubre, com paredes quebradas, cheias de mofo. Um lugar onde a pessoa entra com uma doença e corre o risco de sair com outras cinquenta. Não há especialistas, faltam equipamentos, faltam condições básicas”, denunciou.
A deputada também cobrou responsabilidade dos órgãos de controle. “O Tribunal de Contas tem que fiscalizar para onde está indo esse dinheiro. Porque até agora ninguém conseguiu explicar a ausência de médicos e a situação precária das nossas unidades de saúde”, frisou.
Ao mesmo tempo em que criticou a crise no setor, Antônia Sales lamentou os altos gastos do governo com fretamento de aeronaves. Ela comparou o governador a uma “abelha”, em alusão a um ex-gestor que recebeu esse apelido por viajar constantemente. “Nosso governador parece que virou uma abelha. O homem para gostar de voar. Já são R$ 63 milhões em jatinhos, enquanto o povo sofre nas filas, sem atendimento. Esse dinheiro deveria ser usado para contratar especialistas, reformar hospitais e equipar nossas maternidades”, afirmou.
A parlamentar citou ainda a situação dos hospitais regionais no interior. Segundo ela, unidades em Brasiléia, Sena Madureira e Cruzeiro do Sul apresentam problemas graves, como tetos comprometidos, falta de aparelhos hospitalares e leitos insuficientes. “A saúde do Acre está colapsada. Não precisamos de cera, como faz a abelha. O que nosso povo precisa é de mel, de esperança, para adoçar a vida sofrida e garantir dignidade no atendimento”, concluiu.
Texto: Mircléia Magalhães/Agência Aleac
Foto: Sérgio Vale