O Dia Internacional da Igualdade Feminina, celebrado em 26 de agosto, é uma data que nos convida a refletir sobre as conquistas e os desafios que as mulheres ainda enfrentam na sociedade. Instituído em 1973, o dia lembra a conquista do voto feminino nos Estados Unidos, um marco histórico que, no Brasil, seria alcançado apenas nove anos depois, em 1932. Apesar de mais de 90 anos de história do voto feminino no país, a jornada por igualdade continua em várias frentes.
Em um cenário onde as mulheres são a maioria do eleitorado, sua representatividade em cargos de poder e liderança ainda é desproporcional. A Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia (Alero) tem um papel fundamental na promoção da igualdade, tanto em sua atuação interna quanto nos projetos que impactam toda a sociedade rondoniense.
Para celebrar o Dia Internacional da Igualdade Feminina, a Casa de Leis valoriza a atuação das mulheres que exercem funções de chefia em seus setores internos. Elas, que trabalham nos bastidores, são as engrenagens que fazem a Assembleia Legislativa de Rondônia se destacar.
Para mostrar o ponto de vista dessas líderes, foram entrevistadas Mayara Gomes, secretária administrativa da Alero, e com Luana Lemos, ouvidora geral.
Ao ser questionada sobre os maiores desafios profissionais que já enfrentou, Mayara explicou que um ponto principal é a necessidade de provar a própria capacidade por ser mulher. “Foi provar, muitas vezes, que competência não tem gênero. Já precisei mostrar que a organização, a firmeza nas decisões e a técnica não são ‘características masculinas’, mas sim fruto de estudo, preparo e dedicação.”
Ela ressaltou o olhar mais empático e humanizado que as mulheres trazem para o meio de trabalho, e aconselhou as futuras líderes a se prepararem e confiarem no próprio potencial. “Liderar é sobre coragem, firmeza e integridade”, afirmou. Ela destacou ainda a importância de políticas públicas como a capacitação e o apoio à maternidade no trabalho.
Outra mulher de destaque é Luana Lemos, chefe da Ouvidoria, que compartilhou a experiência de ter suas ideias validadas apenas quando repetidas por homens. Para ela, a liderança feminina é sobre autenticidade e a importância de “puxar outras mulheres junto”.
Seu conselho para as futuras líderes é claro: “Não se diminuam. Ocupar um espaço de liderança não é sobre ser perfeita, é sobre ser autêntica e fazer a diferença.” Luana enfatizou que a participação feminina transforma a política e a gestão, trazendo um olhar mais coletivo e equilibrado.
Essas falas ressoam com a trajetória de mulheres que fizeram e fazem história na Alero. A instituição valoriza e reconhece a contribuição feminina, que atualmente conta com 1.242 mulheres em seu quadro de funcionários. Além disso, há 106 estagiárias e 104 estagiários na instituição, reforçando o compromisso com a formação de novos talentos.
As mulheres na política rondoniense
Atualmente a Casa de Leis conta com cinco deputadas estaduais: Ieda Chaves (União Brasil), Gislaine Lebrinha (União Brasil), Cláudia de Jesus (PT), Dra. Taíssa (Podemos) e Rosângela Donadon (União Brasil). Elas carregam a história de diversas deputadas que passaram pela Alero e merecem ser lembradas por sua história:
Odaisa Fernandes (a primeira deputada que passou pela Assembleia Legislativa de Rondônia), Joselita Araújo, Elizabeth Badocha, Ini Fidelis, Lúcia Tereza, Marlene Gorayeb, Ivone Abrão, Mileni Mota, Rosaria Helena, Sueli Aragão, Nilce Casara, Ellen Ruth, Daniela Amorim, Ana da 8, Epifânia Barbosa, Glaucione e Cássia Muleta. Essas mulheres são passado e o presente da política em Rondônia, destacando as vozes que ajudaram a moldar o estado.
Desafios globais e o cenário brasileiro
A luta por igualdade de gênero é uma batalha constante a nível mundial. O último Relatório Global de Desigualdade de Gênero, de 2024, revelou que a lacuna global de gênero (medição que avalia a diferença entre homens e mulheres em diversas áreas da sociedade) foi fechada em 68,5%. No entanto, o ritmo é lento e a previsão é que, para chegar a uma igualdade real, ainda levará cerca de 134 anos.
Ainda de acordo com o relatório, a lacuna de gênero nas áreas de Participação Econômica e Oportunidade está fechada em 60,5% e, em Empoderamento Político, o índice é ainda menor, com 22,5%. No Brasil, a disparidade salarial é um problema persistente.
O 3º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios mostra que, em média, as mulheres recebem 20,9% a menos que os homens, mesmo em estabelecimentos com 100 ou mais empregados. As mulheres negras, por sua vez, ganham 50% a menos que os homens não negros, evidenciando uma interseção de desigualdades de gênero e raça.
Apesar dos avanços e do aumento na participação feminina no mercado de trabalho, a massa total de rendimentos das mulheres corresponde a apenas 34,8% do total, mesmo que representem 40,6% do número de empregadas. Isso reforça a necessidade de mudanças estruturais, como destacou a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, que defende a valorização das mulheres e o combate à violência em todas as suas manifestações.
A luta continua. Mas com a liderança de mulheres como Mayara e Luana e o compromisso da Assembleia Legislativa de Rondônia, a esperança de um futuro mais justo e equitativo se fortalece, inspirando as próximas gerações a ocuparem seu lugar de direito em todas as esferas da sociedade.
Texto: Isabela Gomes | Jornalista Secom ALE/RO