Nesta sexta-feira (22), o Dia do Folclore é celebrado para valorizar as tradições culturais, incluindo lendas, danças, músicas, festas populares, artesanato, culinária e brincadeiras. O termo foi criado em 1846 pelo britânico William John Thoms, unindo folk (povo) e lore (conhecimento). No Brasil, a data foi oficializada em 1965. A celebração evidencia o multiculturalismo no país, resultado da miscigenação de povos indígenas, africanos, europeus e de outros grupos. No contexto da cultura amazônica, a Assembleia Legislativa vem contribuindo para a preservação da riqueza cultural e diversidade do povo rondoniense.
Em Rondônia, o folclore é fruto da mistura de tradições indígenas, nordestinas, amazônicas e bolivianas. A destinação de emendas parlamentares pela Casa de Leis para patrocinar projetos e iniciativas culturais, em parceria com a Secretaria de Estado da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer (Sejucel), têm sido uma garantia às entidades e entusiastas envolvidos no universo cultural. Dados fornecidos pela assessoria da presidente da Comissão de Educação e Cultura, deputada Ieda Chaves (União Brasil), revelam que no período de 2023 a 2025, o recurso destinado em caráter individual e de bancada totalizam o valor de R$ 5.679.371,54.
De 1 a 10 de agosto de 2025, no Parque dos Tanques, em Porto Velho, foi realizado o 41º Arraial Flor do Maracujá, o maior festival da região norte, com bois-bumbás, quadrilhas juninas e grupos regionais. Lá, o universo criativo durante as apresentações das 42 agremiações folclóricas encantaram o público presente durante os dez dias de evento, em um recorte do mundo encantado das profundezas da Amazônia. Na oportunidade, a quadrilha junina JUABP e o boi-bumbá Az de Ouro venceram na categoria adulta, enquanto a quadrilha junina Rádio Farol e o boi-bumbá Estrelinha se consagraram na categoria mirim.
A Rádio Farol foi fundada em 1997 por Marquinhos, Luciane e Marinete que procuraram o professor Severino para organizar toda a estrutura de uma quadrilha. Ele inovou com intercâmbio cultural em Campina Grande (PB) e trouxe a ideia do cangaço para Rondônia. Da participação de uma eliminatória na Flor do Cacto à um convite especial na Flor do Maracujá em 98, durante os 27 anos de existência já conquistou 13 títulos.
Durante esses anos já se apresentou nos principais municípios de Rondônia, pelo Brasil e na Itália sempre elevando a cultura popular rondoniense. Em uma dessas apresentações, teve a oportunidade de dividir o palco com o Boi Garantido em Florianópolis.
Com um Centro Cultural na zona norte de Porto Velho, a direção faz um trabalho social com as crianças na Rádio Farol Mirim, a qual nasceu no ano 2000 e já desfruta de 14 títulos. O presidente em exercício da entidade, Rei Silva, diz que esse trabalho voltado para as crianças é totalmente 0800, em que elas não pagam nada e a diretoria corre atrás de tudo. Em relação ao apoio da Assembleia Legislativa, ele afirma que “Hoje tem a emenda parlamentar, mas antigamente não tinha nada, a gente se virava. Hoje em dia o repasse é diretamente do deputado, uma emenda do deputado que através da Sejucel a gente recebe”.
A Festa do Divino Espírito Santo, uma tradição religiosa com procissões, ladainhas e comidas típicas é realizada no Vale do Guaporé, em que, a romaria é uma tradição centenária que reúne os povos indígenas, tradicionais, ribeirinhos, quilombolas e bolivianos. Eles ficam esperando, durante um ano, a chegada dessa simbologia junto às comunidades que para alguns é o próprio Espírito Santo. O festejo é realizado no Dia de Pentecostes, onde é feito a festa tradicional, as novenas e demais atividades. São 12 remeiros que vão remando o pequeno barco para chegar às localidades com cantoria, 8 foliões, o alferes da bandeira, o mestre e os demais componentes, somando 34 integrantes.
A professora, Erineide Rodrigues Pinheiro, faz a preparação da romaria para sair no Rio Guaporé durante a festa do Divino Espírito Santo. Para ela, esse festejo tem duas vertentes: a primeira é quando saem todos os romeiros no barco visitando as comunidades conforme o cronograma que é feito, a segunda é quando no final da festa reúnem todas as representatividades das irmandades e fazem a organização para o ano seguinte. Em seu entendimento “Os símbolos sagrados visitam as comunidades: a coroa, o cetro e a bandeira onde os devotos ficam à espera para fazer a adoração a esses símbolos”.
O Duelo na Fronteira, com a última edição realizada em novembro de 2024 no município de Guajará-Mirim, expressa a riqueza cultural da Pérola do Mamoré durante as apresentações dos bois-bumbás Malhadinho e Flor do Campo, sendo que o primeiro foi o campeão. Das emendas destinadas pelos parlamentares para o evento, uma foi no valor de R$ 500 mil de autoria da deputada estadual, Dr. Taíssa (Podemos). Além disso, a representante da região fronteiriça, também realizou uma sessão solene de entrega de votos de louvor às agremiações que encantam os expectadores durante a performance cultural criativa.
Na visão apaixonante da presidente do Boi-bumbá Malhadinho, Camila Miranda “O Malhadinho, com seus 39 anos de existência, não é apenas um boi: é nossa alma. Ele dá voz ao nosso povo e abre caminhos para crianças, jovens, adultos e idosos, afastando-os da marginalidade e aproximando-os da dança, da música e da cultura. Cada batida do tambor é um grito de esperança, cada coreografia carrega um pedaço da nossa história. Resgatamos costumes e memórias esquecidas, que passam de geração em geração, reafirmando nossa resistência e identidade. E sua importância vai muito além da arena: o Malhadinho é acolhimento, é aconchego, é educação coletiva, é saúde física e mental, é sustento e comida na mesa de centenas de famílias dos artesãos aos ambulantes. Ele é vida pulsando, é economia criativa em Rondônia”.
Para a promoção de eventos desta natureza, o Parlamento aprovou no mês de julho recursos no montante de R$ 32.328.725,47. Nas festas populares supracitadas a abordagem poética é envolvente quando relatam os contos de lendas e mitos amazônicos a exemplo de Mapinguari com seu aspecto monstruoso, Curupira e seus pés virados, Iara e seu canto de sereia. Nesses eventos de festa e manifestações culturais, a culinária regional também é prestigiada. Segundo o chefe, Alves Barbosa “Vão de caldeirada de tambaqui e de dourado, os assados na brasa, a jatuarana recheada e o pirarucu de casaca. No tambaqui assado com ou sem espinha recheado, dourado à delícia com banana, queijo e a costelinha com jambu e molho de tucupi. Agora estão partindo para vários pratos no molho da laranja, com creme de tucumã e de pupunha”.
Texto: David Rodrigues I Jornalista Secom ALE/RO