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A Longa Jornada por Justiça: A Tragédia da Boate Kiss

Uma década de luta por responsabilidade e mudanças.

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28/09/2023 às 12h10
A Longa Jornada por Justiça: A Tragédia da Boate Kiss
Reprodução - Fernando Frazão/Agência Brasil/Fonte: Agência Senado


Há 10 anos, o Brasil testemunhou um dos incêndios mais trágicos de sua história, quando a Boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, se transformou em um cenário de pesadelo. No palco, a banda Gurizada Fandangueira se apresentava, e o uso de um sinalizador pirotécnico desencadeou o inferno. O fogo consumiu o local, a fumaça tóxica se espalhou e 242 vidas foram perdidas, enquanto 636 pessoas saíram feridas, algumas com cicatrizes físicas e emocionais permanentes.

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As investigações revelaram uma série de negligências que agravaram a tragédia. A falta de ventilação, saídas de emergência bloqueadas e extintores de incêndio vencidos tornaram a fuga uma tarefa impossível. Pior ainda, seguranças impediram muitas vítimas de escapar, temendo que não pagassem suas contas.

Dentro deste pesadelo, quatro pessoas foram acusadas: o músico Marcelo Santos, os proprietários da boate Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Lodeiro Hoffmann, e o produtor musical Luciano Augusto Bonilha Leão, responsável pela compra dos fogos de artifício.

Dez anos se passaram, mas a busca por justiça continua. Em 2021, o juiz Orlando Faccini Neto conduziu o julgamento que condenou os quatro réus, mas dois anos depois, o julgamento foi anulado. O corregedor Nacional de Justiça votou pela abertura de um Processo Administrativo Disciplinar contra o magistrado, e os réus foram soltos em agosto após a anulação pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.

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Recentemente, a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça manteve a anulação, recusando um recurso do Ministério Público do Rio Grande do Sul. Entre as irregularidades que levaram à anulação, destacam-se o sorteio do júri fora do prazo legal, restrições às defesas e conversas do juiz com os jurados.

As famílias e amigos que perderam seus entes queridos continuam a lutar por justiça. Flávio José da Silva, que presidiu a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), expressou a esperança de uma redução das penas, mas não a anulação. "A guerra é muito grande," disse ele.

Dez anos sem justiça para as vítimas do incêndio, mas a luta continua. Nas redes sociais, um grupo de amigos das vítimas mantém a página "@kissquenaoserepita", Por memória, por justiça. PARA QUE NÃO SE REPITA!

Novo julgamento está marcado para 26 de fevereiro de 2024, quase 11 anos após a tragédia. É um apelo por justiça, um lembrete de que a responsabilidade deve ser atribuída e que mudanças são necessárias para evitar que uma tragédia como essa se repita. As chamas apagaram vidas, mas a busca por justiça permanece incansável.

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