
Dando continuidade às ações de incentivo e democratização do conhecimento científico, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (Fapac) desenvolve e apoia diversos projetos de pesquisa em todo o território acreano. Criada com o objetivo de fomentar a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico, a instituição desempenha um papel fundamental no apoio à inovação tecnológica no estado, com especial foco nas particularidades da realidade amazônica.

“Por meio de apoio técnico e financeiro, a Fundação incentiva a realização de projetos de pesquisa em instituições públicas e privadas, contribuindo para o avanço do conhecimento em diversas áreas. Além disso, investe na formação e capacitação de profissionais especializados, promovendo o desenvolvimento de talentos locais e fortalecendo a base científica e tecnológica do Acre”, frisa o presidente da instituição, Moisés Diniz.
Em 2025, a Fapac consolidou seu planejamento estratégico para o biênio 2024-2027. O plano visa à otimização de recursos e processos, além do fortalecimento da capacidade institucional para atender às demandas estaduais em pesquisa, ciência, tecnologia e inovação.
“O governo do Acre, por meio da Fapac, tem investido em pesquisa científica para apoiar doutores nas áreas da saúde, da biodiversidade e do potencial amazônico, bem como startups de bioeconomia, com olhar atento às riquezas de nossas florestas e mananciais. Focamos nas cadeias produtivas especiais, que chamamos de ‘bioeconomia identitária’”, detalha o gestor.
Além disso, de 2023 a 2025, a Fapac promoveu estudos em tecnologia social e ciência, envolvendo minorias e grupos em situação de vulnerabilidade, como mães solo de baixa renda, mães atípicas, filhos de pescadores e indígenas.
O planejamento estratégico foi construído de maneira participativa, envolvendo a equipe técnica da Fapac e a Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan). A parceria garantiu a adoção de metodologias alinhadas às melhores práticas de gestão pública, fundamentadas em princípios de sustentabilidade, eficiência e impacto social. Assim, o documento constitui-se como um guia estratégico que responde às diretrizes do Plano Plurianual (PPA).
A coordenadora de Planejamento da Fapac, Weruska Bezerra, destaca que foi a primeira vez, desde a sua criação, que a instituição estabeleceu formalmente missão, visão e valores. “O planejamento oferece uma visão clara da identidade e dos objetivos da Fapac, auxiliando na antecipação de riscos e na tomada de decisões. Além disso, promove o alinhamento da equipe e estimula o comprometimento dos servidores”, explica.
No Acre a Pesquisa tem Norte
Buscando apoiar a execução de projetos mediante a concessão de auxílios financeiros e bolsas, o financiamento do programa No Acre a Pesquisa tem Norte se dá via parcerias federais, emendas e recursos próprios, visando à fixação de pesquisadores no Acre. O auxílio financeiro permite ao pesquisador adquirir insumos, equipamentos e serviços para fins da pesquisa. O público do projeto são pesquisadores de instituições de ensino e pesquisa públicas e privadas, dependendo do programa. Atualmente, os principais eixos são: Programa Primeiros Projetos (PPP), Pesquisa para o SUS (PPSUS), Programa de Apoio à Pesquisa na Pós-Graduação, Programa de Desenvolvimento Científico Tecnológico Regional, Programa Iniciativa Amazônia +10.
Inova Amazônia 2024 – Módulo Tração
O objetivo é gerar novos negócios e fortalecer o ecossistema de bioeconomia. O programa contemplou 20 startups com bolsas de apoio durante seis meses, custeadas em parceria entre o Sebrae e o governo do Estado, visando preparar empresas para a escalabilidade nacional e internacional.
A bolsa de estímulo à inovação garante um aporte de recursos financeiros, em benefício de pessoa física, destinado à capacitação de recursos humanos ou à execução de projetos de pesquisa científica e tecnológica e desenvolvimento de tecnologia, produto ou processo e às atividades de extensão tecnológica, de proteção da propriedade intelectual e de transferência de tecnologia.
Iniciativa Amazônia +10 e Expedições Científicas
Em cooperação com o Conselho Nacional de Fundações de Amparo à Pesquisa Estaduais (Confap), à Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e as Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) parceiras, a Iniciativa Amazônia +10 já rendeu oito artigos científicos e a descoberta de um fóssil de tartaruga gigante ( Stupendemys geographicus ), com carapaça de 1,70m, que ganhou destaque mundial.

Na primeira chamada do edital de Expedições Científicas, o Acre aprovou seis propostas, com um investimento total de mais de R$ 7 milhões. Um destaque é o projeto de Dionatas Meneguetti, da Universidade Federal do Acre (Ufac) sobre a doença de Chagas na tríplice fronteira, que identificou, pela primeira vez, a presença do inseto Rhodnius montenegrensis no Peru.

Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional
O Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional (PDCTR) 2022-2025 está na fase final de prestação de contas. A Fapac investiu R$ 130,5 mil nos quatro projetos aprovados e há previsão de um novo edital para 2026. O investimento total do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) é de R$ 1,9 milhão em bolsas.
O objetivo desse acordo é atrair e fixar pesquisadores de todo o Brasil, desvinculados do mercado de trabalho, fortalecendo os grupos de pesquisa locais criando novas linhas de pesquisa de interesse regional/nacional e para a inovação.
O projeto contou com pesquisadores doutores de Sena Madureira, Cruzeiro do Sul e Rio Branco, para onde levou pesquisadores especializados de outros Estados e de Rio Branco, que podem contribuir, com o seu conhecimento, para o desenvolvimento do Acre.
Já o Programa de Apoio a Pesquisa na Pós-graduação, Mestrandos e Doutorandos/CNPq tem por objetivo conceder apoio financeiro para execução de projetos de mestrandos e doutorandos, matriculados regularmente em curso de pós- graduação, em instituição de ensino superior, sediada no estado do Acre.
Jovem Cientista da Pesca Artesanal
Em parceria com o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), o programa oferece bolsas de iniciação científica júnior para alunos da rede pública, filhos de pescadores artesanais e jovens indígenas. O investimento é de R$ 292,8 mil, focando no combate à evasão escolar e no fomento ao conhecimento sobre bioeconomia.
Além de fomentar a pesquisa científica, estimulando professores e alunos da rede pública a desenvolver projetos de pesquisa com foco nas realidades das comunidades pesqueiras artesanais, será possível avançar no conhecimento científico e tecnológico, abordando temas relevantes para as comunidades pesqueiras artesanais, trabalhando para diminuir a evasão escolar e melhorar o desempenho acadêmico dos bolsistas, incentivando a permanência e o sucesso escolar. Outro objetivo é preparar esses jovens para o mercado de bioeconomia na Amazônia, promovendo práticas sustentáveis e equilibradas economicamente, ambientalmente e socialmente.
PPSUS
O Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS) financia temas prioritários para a saúde pública. Um estudo de destaque, coordenado pelo médico Fernando de Assis Melo, sobre injúria renal aguda (IRA), foi publicado na renomada revista científica Nature, evidenciando a qualidade da ciência produzida no Acre, em colaboração com a Universidade Federal do Acre (Ufac) e a Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com o pesquisador, o projeto de pesquisa começou em 2014, com parceria da Ufac, do governo do Acre e da USP. Foi um projeto de doutorado que contou com fontes fomentadoras, como a Fapac e a Fapesp, o que possibilitou o volume de recursos para fazer uma pesquisa de grande porte.

“Essa é uma pesquisa que a gente chama de epidemiológica, quando temos um número muito grande de agentes a serem pesquisados e um número grande de pessoas, abrangendo praticamente todo o estado do Acre. Esse resultado demonstra que as ações de incentivo à pesquisa mostram resultados duradouros, que são obtidos mesmo após o seu prazo de execução”, destacou Melo.
Na área da agricultura, o programa Ciência das Sementes abrange e capacita agricultores, mulheres e jovens para o uso de novas tecnologias por meio de pesquisa científica, tecnológica e de inovação como geradora de novos conhecimentos que possam ser adaptados e replicados pelas comunidades, considerando as especificidades locais das populações e das cadeias produtivas, gerando resultados mensuráveis relacionados à melhoria dos processos produtivos.
O objetivo é fortalecer e diversificar as cadeias produtivas do Acre, integrando inovação tecnológica, pesquisa científica, capacitação técnica e educação ambiental, modernizando as práticas agrícolas nas comunidades tradicionais, com foco na sustentabilidade, preservação ambiental, e valorização da identidade cultural local, promovendo a inclusão econômica e social, especialmente para as populações rurais e tradicionais.
Nas modalidades de Inovação Tecnológica e Mentoria, o Programa Cadeia Produtiva Especial, tem a duração de três meses e é destinado a agricultores familiares e a um mentor, com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva do abacaxi em Tarauacá e da mandioca em Rio Branco, promovendo práticas sustentáveis de produção, valorização identitária e fortalecimento organizacional, contribuindo para a sustentabilidade socioambiental.
O programa busca incentivar a inovação tecnológica, alinhada à sustentabilidade, apoiando, mediante a concessão de bolsas de inovação tecnológica, agricultores familiares atuantes na cadeia produtiva do abacaxi em Tarauacá e da mandioca em Rio Branco, a implementarem práticas sustentáveis na produção dessas duas culturas.
Inova Acre e Governo Digital
Os programas Inova Gov e Inova Acre, realizados com a Secretaria de Administração (Sead), visam à modernização da gestão pública por meio de tecnologias sociais, implantação de processos eletrônicos e laboratórios de inovação, conforme o decreto nº 11.200/2023.
O Governo Digital prevê concessão de bolsas, por meio de um acordo de cooperação técnica firmado com a Secretaria de Estado de Administração (Sead), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Cnpq), para fomentar a modernização de processos de gestão pública por meio da realização de ações de ciência, pesquisa e de incentivo à inovação em tecnologias sociais, atuando em dois eixos: 1. Tecnologia da Informação para a Gestão Pública – Implementando uma política da Tecnologia da Informação, com implantação de processos eletrônicos, desenvolvimento e integração de sistemas e softwares, e 2. Laboratório de Inovação na Gestão Pública – previsto no Decreto n° 11.200/2023, regulamentando o Governo Digital.
As pastas realizaram um acordo de cooperação técnica, em 2024, que visa executar o programa institucional de inovação, denominado “Inov@Gov” – Modernização da Gestão Administrativa e Inovação de Governo. Foram selecionadas em 2025 bolsas de pesquisa para cumprimento do programa que busca consolidar e potencializar a modernização nos processos de gestão pública desenvolvidos no âmbito da Sead, por meio da realização de ações de pesquisa e de incentivo à inovação em tecnologias sociais e de gestão de Governo.
O programa Inova Acre visa apoiar a pesquisa e ciência nas áreas Inovação e tecnologia, voltados a bioeconomia que envolvam temáticas de sustentabilidade junto às startups do estado do Acre, executando três frentes, sendo: Governo Digital, Caminhos da Inovação e o Programa Centelha.
Já o projeto Caminhos da Inovação prevê o incentivo à cultura da inovação e do empreendedorismo nos pequenos negócios que visa a formação de novos pequenos negócios, a transferência de tecnologia para empresas, com a inserção de pesquisadores em projetos de inovação de pequenos negócios, o aumento da efetividade dos ecossistemas locais de inovação ou o aumento da competitividade dos pequenos negócios, por meio de ofertas de bolsas.
No Programa Centelha, de convênio com CNPq e Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa, visa apoiar a geração de novas empresas de base tecnológica, a geração de inovações que sejam de interesses sociais e empresariais e a formação da cultura do empreendedorismo inovador, a fim de fortalecer os ecossistemas de inovação do Acre.
Mentes Azuis
Voltado ao amparo de crianças autistas e com deficiência intelectual, o programa Mentes Azuis fortalece o protagonismo de mães atípicas. Iniciado em junho de 2025, o projeto transformou 242 mães bolsistas em pesquisadoras auxiliares nos 22 municípios do estado, unindo ciência, inclusão e empreendedorismo.

O programa oferece bolsas, capacitação, oficinas sobre transtorno do espectro autista (TEA) e incentivo ao empreendedorismo, além de promover eventos de conscientização e redes de apoio comunitário. O programa também teve visibilidade em grandes espaços, como a Expoacre, quando foi apresentado à população acreana, conscientizando e valorizando as mães atípicas como agentes de transformação social.
“As mães atípicas vivem uma experiência desafiadora. Essas mulheres renunciam à carreira profissional, à vida social e às relações afetivas em prol dos cuidados maternos. A partir dessa realidade, o programa conduz as mães ao mundo da pesquisa, bem como ao mundo do empreendedorismo, sob orientação de um coordenador de inovação, com expertise na área de negócios, oportunizando o desenvolvimento de um pequeno negócio e conquistando, assim, sua independência financeira”, analisa o presidente da Fapac.

Para fortalecer o programa, a Fapac promoveu a Caravana Mentes Azuis, que levou equipe multidisciplinar aos 22 municípios, sendo oferecidas capacitações, rodas de conversas, oficinas e orientações às mães atípicas.
Mães da Ciência
O programa apoia mães solo de baixa renda e alunas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no desenvolvimento de pesquisas científicas. Em 2025, o edital selecionou 803 participantes, entre alunas e mentores. As bolsas, pagas desde junho de 2025, contam com o suporte de emendas parlamentares.
“A Fapac tem compromisso contínuo com a promoção da pesquisa e ciência entre as mães e mulheres de baixa renda, garantindo que essas mulheres continuem a ter acesso a oportunidades educacionais e de desenvolvimento profissional. Ao investir no potencial dessas mulheres e capacitá-las como agentes de mudança em suas comunidades, o programa não apenas transforma vidas, mas também contribui para um Acre de inclusão do público mais vulnerável na Ciência, na Pesquisa e no protagonismo de negócios e empreendedorismo”, destaca Moises Diniz.

Além de oferecer capacitação e suporte, o programa concede auxílio financeiro na forma de bolsas, permitindo que as mães solo realizem suas pesquisas de forma mais eficaz e focada. Questões como gravidez na adolescência, dificuldades educacionais e inserção no mercado de trabalho serão abordadas de maneira mais abrangente e eficaz, visando não apenas mitigar esses problemas, mas também promover o progresso e o bem-estar dessas mulheres e suas famílias.
Durante o ano de 2025, a Fapac realizou a preparação, capacitação e mobilização dos selecionados, sendo oferecidas as ferramentas necessárias para dar início à pesquisa científica de forma eficiente e eficaz. Os candidatos receberam o Plano de Trabalho, o instrumento para coleta de dados sobre a vida da Mãe Solo no Acre e demais materiais necessários.
“Essa metodologia integrativa, participativa e multidisciplinar visa garantir a eficácia e o sucesso do Programa Mães da Ciência, capacitando e apoiando as mães solo de baixa renda no desenvolvimento de pesquisas científicas relevantes e transformadoras para suas vidas e comunidades”, acrescenta o gestor da Fapac.
Além disso, estão sendo repassadas instruções, cursos de capacitações, pesquisas de campo e realizados os pagamentos de bolsas desde junho de 2025, sendo custeadas por meio de emendas parlamentares da vice-governadora Mailza Assis, deputada federal Socorro Neri, dos deputados estaduais Manoel Morais e Maria Antônia.
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