
No último domingo, Rio Branco pôde assistir a mais do que uma apresentação natalina. A Cantata de Natal da Escola de Música do Acre (Emac) levou ao público o resultado de meses de ensaios, estudo e dedicação de quase 200 alunos e professores. O que se viu no palco foi a soma de esforço, disciplina e histórias de vida que se constroem diariamente dentro da escola.

O trabalho, que começa ainda no primeiro semestre letivo, envolve estudantes de diferentes idades, todos alunos da rede estadual de ensino, unidos pela música como ferramenta de aprendizado, expressão e transformação pessoal.
Segundo a coordenadora pedagógica da Escola de Música do Acre, Mariana Ravenna, a cantata já faz parte do calendário oficial da instituição e do Estado.
“Desde o início do ano, os alunos já sabem que a cantata vai acontecer. As músicas são trabalhadas em sala de aula, nas aulas de canto coral, e a partir do meio do ano intensificamos os ensaios. É um processo contínuo, que envolve professores, alunos, crianças e jovens, todos juntos”, explica Mariana.
Nesta edição, participaram cerca de 200 alunos, sendo mais de 150 vozes, aproximadamente 30 crianças entre 7 e 10 anos e cerca de 30 instrumentistas, além de professores que integram a banda e a orquestra.
Por trás desse grande espetáculo, estão histórias individuais que mostram como a música e a escola pública se entrelaçam na vida de cada estudante.
Aos 10 anos, Ana Júlia da Silva Martins já demonstra uma relação curiosa e apaixonada com a música. Aluna do 4º ano do ensino fundamental na Escola Estadual Ilka Maria de Lima, ela está na segunda etapa da musicalização na Escola de Música do Acre e participou pela primeira vez da cantata.

Ana aprende canto, flauta e noções de ritmo e já começa a dar sinais de autonomia musical.
“Eu já aprendi a ler partitura. Teve um dia que a professora errou e eu avisei”, conta, orgulhosa.
Moradora do bairro Mocinha Magalhães, Ana vê na música tanto diversão quanto possibilidade de futuro. Entre os sonhos estão profissões como médica, veterinária, bióloga marinha, advogada — e, claro, musicista. “Eu faço as cinco faculdades se precisar”, brinca.
Os irmãos Vicente Pablo, de 9 anos, e Maria Edicleia Carneiro de Souza, de 13, também fazem parte da cantata e da rotina da Escola de Música do Acre. Ambos são alunos da Escola Estadual Raimundo Gomes de Oliveira, localizada ao lado da Emac, e dividem o mesmo entusiasmo pelos estudos musicais.

Maria Edicleia estuda violino e teoria musical há dois anos. Apaixonada por música clássica, ela já traça planos claros para o futuro: quer concluir o curso completo, ampliar o repertório de instrumentos e atuar como professora técnica.
“A música mudou muita coisa na minha vida. Melhorou até minhas notas na escola. Em artes, eu só tiro 10”, afirma a estudante.
Vicente, mais novo, também sonha alto. Quer aprender violão, bateria e seguir carreira musical. Para ele, a cantata é um espaço de união. “É um lugar onde a gente se ajuda. Se alguém fica nervoso, todo mundo apoia”, resume.
Com 23 anos, Fernanda Costa do Nascimento representa os frutos de um percurso mais longo dentro da Escola de Música do Acre. Aluna da instituição há cinco anos, ela ingressou ainda no ensino médio, quando estudava na Escola José Rodrigues Leite, da rede estadual.

Inicialmente aluna de violão, Fernanda construiu sua trajetória entre apresentações, recitais e convites para representar a escola em eventos externos. Neste ano, viveu uma experiência marcante: participou da cantata pela primeira vez e já como solista.
“Foi uma experiência única. Sempre assisti às outras edições e sonhava em participar. Quando veio o convite, foi emocionante”, conta.
Hoje, cursando Educação Física no ensino superior, Fernanda não esconde que a música deixou de ser apenas um hobby. “Ela é meu oxigênio. Não vivo sem música. A escola me fez enxergar possibilidades que eu nem sabia que existiam”, afirma.
Para o diretor da Emac, Adson Barbosa, a cantata vai além do espetáculo.
“A cantata é um grande laboratório de aprendizagem. Os alunos vivenciam a prática do coral, da orquestra, da regência, aprendem disciplina, escuta, trabalho em grupo. É uma experiência que fica para a vida”, destaca.

E o trabalho terá continuidade já nos próximos dias. A Escola de Música do Acre promove, entre 17 e 19 de dezembro, uma nova série de apresentações abertas ao público, que marcam o encerramento das atividades do ano letivo.
Os alunos que destacaram ao longo do ano, muitos alunos integrantes da Cantata de Natal também estarão no palco, desta vez apresentando seus instrumentos e repertórios em concertos que transitam pelo rock, pela música erudita e pela música popular brasileira, mostrando a diversidade da formação oferecida pela escola e o impacto da música na trajetória educacional dos estudantes da rede estadual.
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