
Com objetivo de apresentar políticas públicas e inovações tecnológicas desenvolvidas pelo Estado para a adaptação às mudanças climáticas, gestoras do governo do Acre apresentaram o painel “Governança verde: modelo acreano de resiliência climática” no 10º Congresso de Ciência e Tecnologia do Instituto Federal do Acre (Ifac), nesta quarta-feira, 10, na sede da reitoria da instituição, em Rio Branco.
O painel, que integrou a agenda oficial do Acre na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), exibiu o conjunto de estratégias adotadas pelo Estado para fortalecer a governança climática e enfrentar os impactos de eventos extremos, como enchentes, secas severas e crises hídricas. As ações envolvem governança institucional, participação comunitária e uso de tecnologias para ampliar a resiliência dos territórios e das populações mais vulneráveis.

O debate contou com a participação da secretária adjunta da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Renata Souza; da presidente do Instituto de Mudanças Climáticas (IMC), Jaksilande Araújo; e da titular da Secretaria dos Povos Indígenas (Sepi), Francisca Arara.
Abrindo o painel, Jaksilande Araújo apresentou a estrutura de governança do Sistema de Incentivo a Serviços Ambientais (Sisa), que completa 15 anos e consolida o Acre como pioneiro na implementação do REDD+ Jurisdicional no mundo, por meio do programa ISA Carbono.

“O fortalecimento do Sisa é resultado de um processo construído de forma participativa com os próprios atores do processo. O Sisa valoriza e reconhece o valor dos serviços ambientais prestados pelas comunidades tradicionais, povos indígenas e agricultores familiares. Ele coloca o Acre como exemplo de governança climática, dando voz para quem mantém a floresta em pé”, destacou.
A presidente também ressaltou o papel do IMC na condução dos processos de consulta para atualização da repartição de benefícios do ISA Carbono, garantindo transparência, equidade e a escuta ativa das comunidades tradicionais, povos indígenas e agricultores familiares.
Na sequência, a secretária Francisca Arara apresentou as ações que o governo vem implementando para fortalecer as políticas públicas voltadas aos povos indígenas. O Acre abriga cerca de 31 mil indígenas, pertencentes a 18 povos e distribuídos em 36 terras indígenas.

Ao enfatizar o papel fundamental dos territórios indígenas e o direito dos povos originários na proteção da floresta, Francisca Arara destacou a importância do marco das políticas públicas de gestão territorial e ambiental, ações estratégicas que o Estado tem adotado para fortalecer a conservação e a manutenção das florestas, por intermédio dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs), a formação e o incentivo, por meio de bolsas aos agentes florestais indígenas, além dos editais para implementação dos PGTAs e os festivais indígenas.
“Os agentes florestais indígenas recebem formação técnica e aprendem a cuidar da mata ciliar, proteger as nascentes e os rios, produzir mudas e recuperar áreas degradadas. Esse trabalho une o conhecimento tradicional ao conhecimento técnico, e isso faz toda a diferença na preservação dos nossos territórios. Além disso, esses agentes recebem um incentivo do Estado para desempenhar suas atividades”, explicou a secretária.

Encerrando o painel, Renata Souza apresentou um panorama das ações de adaptação às mudanças climáticas implementadas pelo governo nos últimos anos, com destaque para políticas de resiliência e inclusão social.
Entre as iniciativas, foram citados os programas Saúde na Floresta, que leva atendimento médico, assistência social e educação ambiental a moradores de unidades de conservação, e o Juntos pelo Acre, criado em 2023 para atender famílias atingidas por enchentes, que se consolidou como uma importante política de proteção social no estado.

Também foi mencionado o Programa de Resiliência Socioambiental nas Áreas de Proteção Ambiental do Lago do Amapá e do Igarapé São Francisco, em que o Acre captou cerca de R$15 milhões do Fundo Brasil–ONU para a Amazônia. O projeto tem como objetivo alavancar a resiliência socioambiental dessas regiões, garantindo a conservação dos recursos naturais e o fortalecimento das comunidades locais.
Outra iniciativa de destaque apresentada foi a Plataforma Climate Acre, ferramenta digital lançada durante a Semana do Clima de Nova York, em setembro de 2025, que integra dados climáticos, socioeconômicos e ambientais, criada para mapear os impactos das inundações sobre populações vulneráveis no estado.

“O Acre demonstra, na prática, que é possível conciliar conservação ambiental, desenvolvimento econômico e inclusão social. Nosso modelo de governança climática é participativo, baseado em dados, ciência e diálogo com as comunidades, e pode inspirar outros territórios da Amazônia e fortalecer a cooperação internacional em prol do clima”, afirmou Renata Souza.
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