
Durante a sessão plenária desta quarta-feira (10), o deputado estadual Dr. João (MDB), nefrologista e primeiro-secretário da Assembleia Legislativa (ALMT), fez um pronunciamento firme ao alertar para a grave situação da política de transplantes em Mato Grosso. O parlamentar destacou que, mesmo com estrutura, equipes capacitadas e uma Central Estadual de Transplantes oficialmente em funcionamento há mais de um ano, órgãos doados continuam sendo enviados para outros estados por falta de procedimento no território mato-grossense.
Em seu discurso, Dr. João citou o caso recente de uma doação ocorrida em Várzea Grande. "Nós tivemos aqui uma doação de órgãos, de uma pessoa lá na Várzea Grande e que foram retirados coração, fígado, rins e córneas. O único órgão que ficou em Mato Grosso foram as córneas”, afirmou.
O deputado lamentou a situação e destacou que isso não é um caso isolado. “Temos uma Central de Transplantes que já está há mais de um ano funcionando e nós estamos exportando rim. Vamos inaugurar no dia 19 o maior hospital do Centro-Oeste e nosso estado não faz transplante de rim? Isso não pode acontecer.”
Dr. João reforçou que Mato Grosso possui equipe treinada e capacidade técnica, mas as cirurgias seguem paradas. “Temos equipe aqui, e não é a primeira vez. Eu tenho informação de que já foram seis órgãos para fora do Estado. Não está se fazendo transplante de doador cadáver, que tem que ser feito. Estamos mandando o rim para fora do Estado.”
Em tom emocionado, o parlamentar relembrou sua trajetória na construção da política de transplantes no estado.
“Isso aqui dói meu coração. Eu sou nefrologista. Eu fiz o primeiro transplante renal da história desse Estado, em 1992. De lá para cá nós fizemos um monte. Depois parou, agora foi retomada. Mas está muito lento”, declarou.
O deputado reforçou que o estado está caminhando para inaugurar uma das estruturas hospitalares mais modernas do país, mas ainda falha em garantir o básico.
“Vamos ter o melhor hospital da nossa região, mas temos que fazer o básico aqui.”
Dr. João lembrou que, desde o seu primeiro mandato, tem atuado de forma direta junto ao Governo do Estado, Secretaria de Saúde, equipes médicas e instituições reguladoras para que Mato Grosso retomasse os transplantes e avançasse no serviço. O parlamentar foi um dos articuladores do processo que possibilitou a volta das cirurgias renais, interrompidas por anos.
“Eu luto por isso desde o meu primeiro mandato. Trabalhei para trazer de volta os transplantes, mas não basta retomar no papel. A população não pode doar órgãos aqui e ver esses órgãos salvarem vidas apenas fora de Mato Grosso. Temos condições, temos estrutura e temos profissionais. O Estado precisa assumir esse compromisso”, enfatizou.
Ao final, o deputado cobrou providências imediatas da Secretaria Estadual de Saúde para reorganizar o fluxo de transplantes, garantir a realização das cirurgias e evitar novas perdas de oportunidade. “Isso é urgente. Cada órgão que sai do nosso estado representa uma vida que poderia ser salva aqui dentro”, concluiu.