
Com a voz clonada, criminosos simulam pedidos de pix a familiares e se passam por bancos ou órgãos públicos para aplicar golpes


Uma nova técnica tem sido utilizada por criminosos para aplicar golpes por meio de ligações telefônicas, conhecida como golpe da ligação muda. A vítima recebe uma chamada de um número desconhecido e, ao atender, a pessoa do outro lado permanece em silêncio ou inicia um diálogo mínimo, esperando que a vítima continue falando. O objetivo é capturar amostras de voz suficientes para cloná-la e utilizá-la para fins fraudulentos.
Diante disso, a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), por meio do 22º Distrito Integrado de Polícia (DIP), orienta sobre como o golpe funciona, quais são os métodos utilizados pelos criminosos e com quais finalidades, e como as vítimas podem se prevenir.
De acordo com o delegado Adriano Félix, os golpistas utilizam números obtidos ilegalmente — muitas vezes adquiridos em plataformas clandestinas na chamada ‘Dark Web’ — e entram em contato com potenciais vítimas.
“Ao atender a ligação, a pessoa percebe que do outro lado da linha há silêncio ou respostas curtas e sem sentido. A aparente falta de comunicação tem como objetivo fazer com que a vítima continue falando para que os criminosos possam gravar trechos da voz e usá-la para fins criminosos posteriormente”, explicou o delegado.
Segundo o delegado, com essas gravações, os golpistas conseguem clonar a voz da vítima e utilizá-la em diferentes tipos de fraude, como solicitações de transferência via pix para familiares, contatos falsos se passando por bancos ou até por órgãos públicos.
“Em muitos casos, a voz clonada é utilizada para convencer parentes ou instituições financeiras de que o pedido é verdadeiro. Por isso é importante que a população tenha atenção ao receber ligações de números desconhecidos, especialmente aqueles que imitam números de bancos, órgãos públicos ou centrais de atendimento”, mencionou o delegado.
Orientação
O delegado citou que uma das principais recomendações é evitar falar quando o outro lado permanece em silêncio, pois isso pode facilitar a captura da voz. Caso a pessoa perceba perguntas desconexas ou ausência de resposta, deve desligar imediatamente.
“A orientação também vale para qualquer pedido suspeito vindo de supostos familiares, já que os criminosos utilizam a voz clonada das vítimas para enganar parentes e solicitar transferências ou pagamentos”, esclareceu o delegado.
Conforme o delegado, devido a esse método, antes de realizar transferências, é fundamental que o cidadão confirme a solicitação por outro meio de contato, como mensagens ou ligação direta para o número já conhecido.
Denúncias
A Polícia Civil reforça que, caso alguém seja vítima desse tipo de golpe, é essencial buscar imediatamente o 22º DIP, a Delegacia Especializada em Repressão a Crimes Cibernéticos (Dercc) ou qualquer outra unidade policial levando todas as informações possíveis para auxiliar nas investigações.
O 22º DIP fica localizado na rua Brasil, bairro Nossa Senhora das Graças, zona centro-sul. Também é possível realizar denúncias anonimamente por meio dos seguintes números: 197 e (92) 3667-7575, disque-denúncia da PC-AM; 181, disque-denúncia da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM).
O BO também pode ser registrado na Delegacia Virtual (Devir), pelo endereço eletrônico: https://delegaciavirtual.sinesp.gov.br/portal/ .