
Com colaboração de Ângela Rodrigues
Na COP30, em Belém (PA) — reconhecida como “a COP da implementação” — o governo do Acre apresentou resultados concretos de uma agenda ambiental construída com pioneirismo, inovação e governança, com a participação dos beneficiários do Sistema de Incentivo a Serviços Ambientais (Sisa) e do Programa REM, duas iniciativas que tornaram o estado uma referência internacional em REDD+ Jurisdicional.
O workshop “Sisa 15 anos: cases de sucesso do Programa Global REDD Early Movers (REM)” realizado nesta quinta-feira, 13, na Casa da Biodiversidade e Clima da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema), mostrou histórias reais de transformação econômica, social e ambiental que contam com recursos do Programa REDD Early Movers (REM), executado no Acre desde 2012 e reconhecido mundialmente por transformar resultados de redução de desmatamento em benefícios diretos para quem vive na floresta.

Criado em 2010, o Sisa consolidou o Acre como o primeiro território do mundo a implementar um programa jurisdicional de REDD+, ao instituir o programa ISA Carbono e firmar cooperação internacional com Alemanha e Reino Unido. Essa trajetória colocou o Estado na vanguarda de políticas climáticas baseadas em integridade ambiental, transparência e valorização das comunidades tradicionais.
A coordenadora do Programa REM Acre, Marta Azevedo, afirma que os resultados apresentados na COP30 demonstram o papel estratégico do Acre no avanço das soluções climáticas baseadas na floresta.

“É com enorme alegria que celebramos, aqui na COP30, os 15 anos do Sisa e os 13 anos do Programa REM no Acre. Este é um momento muito especial, marcado pela presença dos nossos beneficiários, que trazem um pouco da realidade do Acre e dos avanços que o nosso estado alcançou no âmbito do REDD+ jurisdicional”, disse.
Para celebrar o aniversário de 15 anos do Sisa, o governo levou à COP30 sete beneficiários considerados cases de sucesso do Programa REM. Apresentados em estandes, seus produtos mostram, na prática, como o conhecimento tradicional e desenvolvimento podem caminhar juntos para gerar renda, fortalecer comunidades e conservar a Amazônia.
Produtora de mel do bairro Belo Jardim III, em Rio Branco, Maria Paulino da Silva aumentou sua renda familiar em 70% após receber capacitações, equipamento de proteção individual (EPIs), caixas de abelhas e assistência técnica da Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri). Premiada nacionalmente, levou ao estande potes de mel de abelha sem ferrão e materiais de divulgação de sua produção.

“Depois que conheci o programa do governo tudo mudou. Com o apoio do programa REM recebi várias caixas de abelha e isso fez toda a diferença. Ganhamos uma casa de mel para fortalecer nosso trabalho. Hoje, na nossa comunidade, a gente trabalha com o que precisa, com os equipamentos certos. O programa REM dá sentido ao nosso trabalho e nos incentiva a continuar”, atesta.
Morador da Colônia Cachoeira, em Epitaciolândia, o produtor Gildeon Chavier ampliou sua produção diária de leite graças ao apoio do REM Acre para recuperação de áreas degradadas, incluindo apoio com insumos e assistência técnica. Assim como Gildeon, mais de 700 produtores em todo o Acre já foram beneficiados pelo programa.

O produtor relata: “Na nossa área, tínhamos 16 hectares de pasto e 10 hectares de mata nativa. Aos poucos, com orientação técnica, conseguimos aumentar nossa produção leiteira de 30 a 40 litros para 80 a 90 litros. Importante para nós, aprendemos que é possível crescer mantendo a floresta em pé e isso fez toda a diferença”.
Professor da Terra Indígena (TI) Kaxinawá de Nova Olinda, do Povo Huni Kuin, Aldeni Matos apresenta peças de tecelagem artesanal produzidas pelas mulheres da comunidade. A produção artesanal beneficia 132 famílias na TI Nova Olinda. As ações, apoiadas pelo governo do Acre e o REM, também fortalecem a formação e o pagamento de bolsa aos agentes agroflorestais indígenas, implantação de sistemas agroflorestais (SAFs), gestão territorial, ações de mitigação e adaptação aos eventos extremos climáticos.

“Para mim, como professor e representante das sete comunidades, é um privilégio estar na COP30. Aqui, apresento os artesanatos produzidos pelas mulheres Huni Kuin, que também foram beneficiadas pelo Programa REM com oficinas que fortaleceram a tecelagem tradicional. Este é um espaço onde podemos firmar parcerias, ouvir quem trabalha com financiamento para a biodiversidade e levar esse conhecimento de volta para a nossa terra”, observa.
Filho do líder extrativista Raimundo Mendes, conhecido popularmente como “Raimundão”, Rogério Mendes, da Reserva Extrativista Chico Mendes, em Xapuri, conta com apoio do programa para o pagamento do subsídio da borracha e capacitações em manejo sustentável, iniciativas importantes para o fortalecimento da cadeia da borracha, que gera benefícios para mais 900 produtores beneficiados.

O extrativista confirma: “O REM deu um incentivo importante para a borracha, oferecendo subsídio que ampliou a renda das famílias e fortaleceu a economia local. Hoje, agradecemos esse apoio do governo, que tem garantido renda para quem vive na floresta e contribuído para a preservação ambiental. Estar na COP30 é muito simbólico. Vim do Acre representando a cadeia da borracha na Resex Chico Mendes, mostrando que essas iniciativas podem ser replicadas em outras regiões”.
Proprietário da Pousada do Miro, na Serra do Divisor, Agimiro Oliveira participou da elaboração do Plano de Turismo de Base Comunitária, que fortalece atividades geridas pelos moradores e promove renda com conservação. O projeto já desenvolveu quatro planos comunitários, beneficiando 322 pessoas.

“O REM melhorou muito a minha estrutura de trabalho. Eu recebi uma cozinha nova, algo que eu precisava há muito tempo. Isso elevou a qualidade do atendimento e fortaleceu o turismo de base comunitária que desenvolvemos lá. Estar na COP30, a convite do governo do Estado, é muito significativo para mim. É a oportunidade de mostrar o nosso trabalho”, diz.
Artesã de Brasileia, Márcia Lima apresenta biojoias feitas a partir de sementes e elementos da floresta. Com apoio do governo e do REM, recebeu capacitações e suporte para participar de feiras nacionais, integrando um projeto que já beneficiou 213 artesãos.

E conta como o apoio influenciou a expansão do seu trabalho e na projeção nacional e internacional das peças produzidas no Acre: “O Programa REM teve um grande impacto para o nosso grupo. Nós trabalhamos com sementes da floresta, transformando-as em biojoias que levam beleza e identidade amazônica para o Brasil e para o mundo. Conseguimos enviar peças para um desfile em Madri, saímos na revista Vogue e, recentemente, nossas biojoias estiveram na Fashion Week. É uma evolução constante, fruto do apoio e das oportunidades que o Programa REM nos proporcionou”.
Produtora de sabonetes e velas artesanais em Rodrigues Alves, Maria Rita Gomes confirma que o programa mudou a realidade da sua comunidade, que recebeu equipamentos, capacitações e apoio para fortalecimento da organização comunitária. O projeto de óleos vegetais já formou 221 pessoas e estimula a geração de renda com fitocosméticos sustentáveis.

“O REM trouxe muitas oportunidades para nós. Abriu portas para jovens e mulheres, fortaleceu nossa associação e deu condições para que a gente pudesse crescer de verdade. Ele não só melhorou nossa estrutura, mas também deu visibilidade ao nosso trabalho”, conta.
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