
Começou nesta terça-feira (11) e segue até quarta-feira (12), no hall de entrada da Assembleia Legislativa de Rondônia (Alero), a exposição “Bordando Sonhos & Pontos que Germinam”, realizada pelas bordadeiras do Coletivo Flores da Amazônia . A mostra pode ser visitada das 13h30 às 18h nesta terça e das 8h às 18h amanhã, na Av. Farquar, s/n, Panair. A entrada é gratuita.
A iniciativa é uma oportunidade para o público conhecer de perto o talento e a sensibilidade de mulheres amazônicas que, por meio de fios e agulhas, bordam suas histórias, enfrentamentos e conquistas. O coletivo oferece formação, acolhimento emocional e espaços de cuidado para mulheres em situação de vulnerabilidade social na capital.
A presidente do Coletivo Flores da Amazônia, Aline Colpo, explica que o curso de bordado vai além do aprendizado técnico. Ele tem sido uma porta para autonomia, terapia e reconstrução pessoal.
“Algumas mulheres chegam sem perspectiva, muitas deprimidas, algumas até com pensamentos suicidas. No coletivo, elas descobrem que conseguem criar algo com as próprias mãos. Isso fortalece a autoestima e reflete em outras áreas da vida. Além das aulas, promovemos rodas de conversa, atendimento psicológico e momentos de troca. Ver estas mulheres hoje expondo seus trabalhos na Assembleia é muito emocionante. Para muitas delas, isso parecia impossível”, afirmou.
O Coletivo Flores da Amazônia existe há seis anos, e o curso de bordado está no segundo ano de atividade. Além da formação artesanal, o grupo oferece aulas de defesa pessoal, reforçando a autonomia e a segurança das participantes.
A vice-presidente do coletivo e servidora da Alero, Maria Alice Coelho, destacou a importância da exposição dentro da Casa de Leis.
“A Assembleia é a casa do povo, e ver essas mulheres ocupando este espaço com sua arte é uma forma de reconhecimento. Muitas chegam fragilizadas e, ao longo do tempo, vemos uma transformação real na vida delas e de suas famílias. Criamos laços, caminhamos juntas e celebramos cada conquista”, disse.
Entre as expositoras, está dona Marize Duarte, aluna do segundo ano do curso. Ela relembra como encontrou no bordado um caminho de cura.
“Cheguei lá com depressão. Mas fui acolhida. O bordado e o apoio das meninas transformaram minha vida. Hoje me sinto firme e posso ajudar outras que estão chegando. Somos mulheres fortes e capazes”, contou, emocionada.
A professora do curso, Carolina Esteves, reforçou o caráter terapêutico da prática. “O bordado é uma ferramenta de resgate emocional. Muitas mulheres carregam histórias de violência, dor e silenciamento. Ao bordar, elas recontam suas histórias, encontram voz e reconstroem o próprio sentido de existir”, explicou.
A exposição permanece aberta ao público até esta quarta-feira (12). A visitação é livre, e algumas peças estarão disponíveis para venda, contribuindo diretamente para a renda das bordadeiras.
Texto: Marcela Bomfim | Jornalista Secom ALE/RO
Fotos: Luís Castilhos | Secom ALE/RO