O Dia do Poeta, celebrado em 20 de outubro, foi instituído em homenagem à criação do Movimento Poético Nacional, ocorrido em 1976, em São Paulo, na residência do jornalista, romancista, advogado e pintor Paulo Menotti Del Picchia. A data simboliza o fortalecimento da poesia no Brasil e valoriza o papel dos poetas na preservação e difusão da cultura.
Já o Dia Nacional da Poesia era antes comemorado em 14 de março, em homenagem a Castro Alves, o poeta dos escravos. Posteriormente, a data foi oficializada em 31 de outubro pela Lei 13.131, de 3 de janeiro de 2015, em homenagem ao aniversário de nascimento de C arlos Drummond de Andrade , um dos maiores nomes da literatura brasileira.
Em Rondônia, a Assembleia Legislativa (Alero) propaga e valoriza a cultura criativa. A sede do Poder Legislativo tem sido palco de homenagens e de eventos que enaltecem artistas e obras produzidas em solo rondoniense. Uma dessas realizações foi a sessão solene de entrega de votos de louvor aos poetas, proposta pelo deputado estadual Ribeiro do Sinpol (PRD).
Neste mês de outubro em que a Assembleia Legislativa comemora os 42 anos de instalação, a voz e obra dos poetas sediados em Rondônia soam como música nesse momento histórico. Essa viagem passa pela contextualização sobre a história da poesia, apresenta poetas inspiradores e culmina com uma resposta do saudoso Zezinho Maranhão a Drummond.
Textos literários
O professor graduado em Letras (Língua Portuguesa e respectivas Literaturas) Eliézer Wanderley, com 40 anos de atuação na área, explica que existem dois tipos de textos literários: o texto em verso - escrito em linhas segmentadas; cada linha chama-se verso; o conjunto de versos chama-se estrofe; e o conjunto de versos e estrofes chama-se poema ou poesia.
O poema é a estrutura do texto em si, e poesia é a palavra trabalhada artisticamente pelo poeta. Quem trabalha a literatura com palavras em versos é chamado de poeta, e quem escreve em prosa é chamado de prosador.
A poesia surgiu com a própria linguagem humana e com as primeiras culturas que desenvolveram a escrita — sendo até anterior a ela, servindo à memorização e transmissão oral de histórias. O termo poesia tem origem na Grécia Antiga, que a definia como criação. Registros de textos poéticos são encontrados em civilizações antigas como Índia, China, Egito e Mesopotâmia.
O filósofo Aristóteles foi um dos primeiros a sistematizar o estudo da estética da poesia, que ele via como uma das formas de manifestação da alma humana e do impulso criador, segundo o conceito de poíesis. Na Antiguidade Clássica, a poesia era cantada ao som de instrumentos musicais como a lira, o alaúde, o tabaque, o pandeiro e a viola.
Na Idade Média, as cantigas trovadorescas eram acompanhadas por esses instrumentos musicais, reforçando a ligação entre poesia e música. A diferença fundamental é que o poema é o texto - a estrutura escrita em versos - enquanto a poesia é a essência, a qualidade artística que invoca sentimentos e pode estar presente não apenas no poema, mas na música ou em qualquer outra forma de expressão artística.
A poesia é abstrata - um sentimento, uma visão que sensibiliza e inspira - não se limitando à palavra escrita. O poema pode ser epigrama, trova, soneto ou haicai - formas distintas de produzir poesia. O soneto, por exemplo, é uma composição poética composta de 14 versos: dois quartetos iniciais e dois tercetos finais rimados entre si. A seguir, o Último Soneto, de autoria próprio Eliézer:
Quando teus olhos passam por mim
Fingindo não me ver
O meu coração fica assim
Cheio de saudade de você.
Os teus passos desajeitados
Sem rumo a seguir
Teu corpo assustado
Não consegue prosseguir
Os cabelos agitam no vento
Na ansiedade de voltar
Que nem meu pensamento
Querendo te encontrar
Fugindo dos meus olhos
Que louco por ti está.
O haicai é um poema japonês curto, geralmente com estrutura de 575 sílabas poéticas, sem rima, que busca capturar o momento da natureza ou do cotidiano de forma concisa e imagética. Ele se concentra na observação, na simplicidade, na sensibilidade, buscando evocar sentimentos ou imagens sem explicações ou conclusões e influencia autores contemporâneos em seus textos e poesia.
Existem, ainda, cantigas musicalizadas. Um exemplo notório: na estrofe de Sete Cantigas Para Voar, de Geraldo Azevedo:
Existem cantigas musicalizadas como é possível perceber, em uma das estrofes de Sete Cantigas Para Voar de Geraldo Azevedo:
Cantiga de índio
Que perdeu sua taba
No peito esse incêndio
Céu não se apaga
Deixe o índio no seu canto
Que eu canto um acalanto
Faço outra canção
Deixe o peixe, deixe o rio
Que o rio é um fio de inspiração
Voa, voa, azulão.
Para Wanderley: “A literatura poética brasileira e rondoniense é parecida. Nos dias de hoje, a poesia continua forte entre nós, tanto nos livros que são publicados, quanto na arte de rua, nas intervenções urbanas, nas batalhas, nos slams, que hoje acontece na poesia contemporânea e para mim isso é importante, principalmente porque hoje nós temos o incentivo das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc que vem dando suporte financeiro para os artistas”.
Linguagem universal
O escritor Rubens Vaz Cavalcante, o Binho, diz que a poesia é uma linguagem universal, mas pode sim demarcar uma atitude de pertencimento. O que é chamado de poesia regional está mais para um tipo de "telurismo", que reforça nos poetas, o lugar que os cerca sem limitá-los aos espaços citados. Pois, caso contrário, seria necessário afirmar que toda poesia é regional, na medida em que os poetas pertencem a regiões diferentes do planeta.
Visualiza a literatura basicamente poética, com poucos prosadores. O motivo pode ser o cerco de uma natureza exuberante e mágica, muito afeita a poemas. Em relação ao momento comemorativo inspirar novos escritores, Binho expressa: “Sinto que de forma nenhuma. São apenas datas. Nas escolas pouco se fala. A mídia também cala. Portanto, afora algumas postagens feitas pelos próprios poetas, pouca coisa acontece”.
Segundo ele, o desafio está ligado à dificuldade de editoras que invistam, de verdade, nos novos autores locais. Boa parte das existentes desiste dos poetas emergentes e preferem investir na tradição. Leitores de poesia são poucos, mas existem. As livrarias reclamam que esses leitores gostam de poemas, mas quase não compram, por questões econômica e cultural. Isso complica a divulgação e a circulação das obras.
Quanto a sua história, ele afirma: “A minha trajetória teve dificuldades que todos os autores enfrentam. De certo modo, fui conseguindo espaço graças à pluralidade com a qual enfrentei o mercado: poesia, música, teatro, trilhas para documentários e atuação na educação (professor de literatura no ensino superior), realizando oficinas e investindo na construção de leitores (no ensino fundamental e médio)”.
Fazendinha de manga
Celeste Sousa, poeta e membra da Academia Rondoniense de Letras, Ciências e Artes (ARL) possui trabalhos publicados em coletâneas de poesias e contos. É autora do livro Poemas de Sentir, lançado em 2024. Sobre a obra em andamento, A Fazendinha de Manga (2025), com ilustração de Raphael Amorim, é um livro infantil emhomenagem ao estado de Rondônia
Em seu entendimento: “Para falarmos de poesia, antes de tudo, é preciso tentar enxergar o mundo pelos olhos do poeta. É necessário compreender que a poesia não se explica, mas acontece; ela não somente é, como também significa. É por meio dela que a simplicidade do cotidiano das pessoas ganha status de cultura”.
Ela pensa que a poesia é uma das formas mais belas de se valorizar e revelar a história, a culinária, as crenças, a música e os mais diversos saberes que, aos poucos, vêm se perdendo ao longo do tempo. A poesia traça caminhos, une gerações, edifica e eterniza a identidade cultural de um povo.
A poeta entende que a literatura rondoniense tem uma barreira um tanto quanto rígida para ultrapassar. Os estereótipos atribuídos à Região Norte têm sido um enorme desafio para os autores. Retratar, de maneira inadequada, as peculiaridades de uma região, pode impactar, de forma negativa, na preservação da identidade cultural de uma comunidade.
A respeito disso, ela afirma que é importante salientar o papel que a poesia vem desempenhando na constituição e no fortalecimento da literatura regional. A poesia gera a sensação de pertencimento, a literatura confirma. E, dessa forma, a relação entre o homem e o seu ambiente vai sendo delineada, reconstruída e aprimorada.
Enquanto professora, ela afirma que as datas comemorativas são de extrema importância na sociedade. “O Dia do Poeta, bem como o Dia Nacional da Poesia, é a materialização do compromisso que temos com a literatura. Infelizmente, vivemos em um país que não valoriza seus escritores. O corredor do reconhecimento é estreito, não há espaço para todos. Mas é preciso criar estratégias para atingir possíveis leitores e, consequentemente, inspirá-los a adentrar no universo da escrita”.
Ela revela que na sociedade pós-moderna, produzir literatura tem sido um instrumento de resistência à mecanização do ser humano. Competem com os jogos on-line e as redes sociais o tempo todo, “é uma batalha muito injusta”. No Brasil, é muito difícil implantar o hábito de leitura nas gerações atuais e isso tem gerado um impacto significativo na venda de exemplares.
A professora destaca que, nenhum escritor produz uma obra pensando em deixá-la na estante, ou muito menos, pensando apenas no retorno financeiro. “Nós, os ‘fazedores de cultura’, escrevemos e publicamos com o intuito de valorizar o que há de mais precioso na humanidade. Carregamos a responsabilidade de representar, por meio da literatura, o pluralismo cultural que permeia o território brasileiro”.
Para ela, a palavra tem a capacidade de produzir reflexões e influenciar o comportamento humano. A poesia humaniza, provoca, rompe padrões, transcende significados, estabelece relações de sentido entre o ser e o estar no mundo. É por meio dela que o homem enxerga o seu reflexo, questiona, propaga e exalta a sua cultura.
Ela cita o saudoso crítico literário Antônio Candido que diz: “o escritor, numa determinada sociedade, é não apenas o indivíduo capaz de exprimir a sua originalidade (que o delimita e especifica entre todos), mas alguém desempenhando um papel social [...]”. É, portanto, através do olhar atento e sensível do poeta, que o leitor compreende a grandeza de sua existência, tornando-se sujeito capaz de modificar a sua conduta, transformando a sua própria realidade e a sociedade como um todo.
Para reafirmar a importância do poeta nesse “mundo, vasto mundo”, Celeste se vale dos primeiros versos do poema Ode no cinquentenário do poeta brasileiro, de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1940: “Esse incessante morrer/que nos teus versos encontro/é tua vida, poeta/e por eles te comunicas/com o mundo em que te esvais [...]”.
Concursos literários
Elaine Márcia Souza Rosa é poeta e escritora de contos e poesias. Suas publicações, até o momento, se limitam a participação em coletâneas, sempre por meio da participação de concursos literários, onde, na maioria das vezes os autores selecionados recebem exemplares dos livros (1 ou 2 livros) e dificilmente estes concursos oferecem prêmios em dinheiro.
As obras em que ela teve participação: "ViVaS: Caligrafias Negras". “Parto (di) versos” “Conta uma história para mim?” “Nos rumos da Alma 2” “Palavra é Arte” “Educação Inclusiva no Brasil: Deficiência visual e tecnologias” “Educação Brasil Volume III” “Educação Brasil Volume IV”. Trabalhos em andamento: um livro de poesias solo pronto para publicação e dois livros de contos em fase de conclusão.
Quanto à linguagem poética, ela diz que, além de encantar é também sinônimo de expressão, de valores, tradições e sentimentos, por meio dos quais o poeta grita as dores e resistência, não somente suas, mas de todo um povo. Ela pode ser observada nas letras e nos ritmos das canções, sendo a música uma poesia cantada.
“A poesia ‘desenha’, através das rimas e versos a história, beleza, cores e dores da nossa terra e do nosso povo; representando, de forma leve; um ‘convite’ à reflexão crítica em relação a temáticas muitas vezes difíceis de confrontar, como a preservação ambiental, gênero e diversidade”.
Ela pensa que uma forma de inspirar novos escritores seria proporcionar visibilidade aos poetas da região, promover eventos de leitura com oferta de oficinas e/ou mine cursos, firmar parcerias com editoras locais para publicação de antologias e/ou coletâneas de poesias. Sendo que estas ações podem ser desenvolvidas em parceria entre Sejucel, Funcultural e Seduc, com fomento à cultura.
Um exemplo da relevância do envolvimento dos órgãos foi à obra “Parto (di) Versos”, uma coletânea de poesias escrita e ilustrada por mulheres e dedicado às mulheres, organizado pelo Clube de Escritoras de Rondônia, em 2022, a partir de recursos da Lei Aldir Blanc, por meio de edital da Sejucel. De “Autorretratos: Escrevivendo novas páginas no mundo pós 2020”, um livro de poesias organizado pelo Grupo de Pesquisa em Educação, Filosofia e Tecnologia (GET/IFRO), núcleo de estudos sobre gênero e literatura, publicado com recurso cultural do IFRO – Campus Porto Velho Calama.
Na sua percepção, hoje no estado, dificilmente um escritor pode considerar a escrita como uma fonte de renda, nem que seja secundária. Todavia, acredita na transformação social e cultural pela arte. “Como disse antes, a linguagem poética permite a liberdade de expressão nua e crua, de forma real e ao mesmo tempo sutil, provocando a reflexão crítica, mas com a leveza de sentimentos que é bem característica da poesia”.
Rap feminino
Sandra Braids, mulher negra, mãe, trancista, rapper e poeta. Ela atua há mais de vinte anos no movimento Hip Hop, sendo uma das precursoras do rap feminino em Rondônia, com o grupo Ideologia Feminina. Sua arte tem compromisso com as causas sociais e com a valorização das identidades negras e periféricas.
Na sua musicalidade, a poesia é essência — está nas letras, nas rimas e nas narrativas que denunciam, acolhem e inspiram. Entre suas composições estão “Povo Rasta”, “Eu Sou Sim Filha da Mãe”, “Carta à Minha Turma da Quarta Série”, “Me Respeita”, “Rima Positiva”, “Som de Paz”, “Folhas”, “Fica Xiu” e “Respeite Meu Axé”. Para ela cada canção é uma forma de reafirmar suas raízes, celebrar a ancestralidade e transformar poesia em voz, ritmo e resistência.
“A poesia é a base da minha expressão artística. Desde o início da minha caminhada no Hip Hop, ela foi o caminho para transformar dor em palavra e palavra em força. A poesia me permite narrar realidades invisibilizadas, afirmar minha identidade e dar voz a quem muitas vezes não é ouvido. É por meio dela que exerço minha liberdade e me reconheço como mulher negra, amazônida e periférica”.
Na literatura brasileira, se identifica com Conceição Evaristo e sua escrevivência, porque ela escreve com a alma das mulheres negras e periféricas. Na literatura rondoniense, destaca Nilza Menezes, autora de “Arreda homem que aí vem mulher”, por sua escrita sensível e crítica sobre as questões de gênero, identidade e poesia na Amazônia.
Também admira Nair Ferreira Gurgel do Amaral, autora de “Carapanã encheu, voou – Portovelhê”, que retrata com autenticidade as expressões e o modo de falar do povo em solo amazônico. Por isso, ambas representam a força e a diversidade da literatura rondoniense.
Em relação do Dia do Poeta e o Dia Nacional da Poesia, ela afirma: “Essas datas me fazem refletir sobre a importância da palavra como instrumento de transformação. Ser poeta é resistir e reinventar a realidade todos os dias. É inspirador ver a poesia ocupar espaços, chegar às escolas, às periferias, aos palcos e às redes, mostrando que ela vive em cada gesto de criação e coragem”.
Zezinho Maranhão
Para o professor Chiquinho, irmão do saudoso José Alves da Silva (Zezinho Maranhão), o dia da poesia alusivo ao Drummond é importantíssimo na cultura, até no pensamento da política cultural.
“Eu vejo o Zezinho assim: é um cara que vai demorar muito tempo para realmente descobrirem, mas se você pegar, por exemplo, aquela música Vitória Rege, não é Régia o nome da flor. Ele fazendo um trocadilho entre a flor Vitória Régia que simboliza a natureza, principalmente a Amazônia e aí ele fala que Rege como que rege musicalmente o universo”.
Ele revela que Zezinho pegava o violão e as inspirações dele vinham naturalmente, uma certa irradiação como se mandassem para ele ou viesse do interior dele. Sua poesia não tinha nada de mecânico, parecia que tinha sido um cara no momento mais sublime da vida. Ele fazia música com muita facilidade e sobre qualquer coisa, qualquer momento, ele tinha esse dom que Deus deu para ele.
O último CD do Zezinho se chama: E agora, Zezinho!! O professor Chiquinho foi procurado pelo irmão, o qual falou sobre o novo projeto que ainda não tinha nome. Então durante a conversa, abordaram sobre o poema do Drummond e a pergunta, que surge logo da primeira estrofe de José.
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
“É como se eu estivesse conversando com o meu irmão ali e se os artistas do Brasil e do mundo estivessem perguntando assim: E agora, o que vai ser da poesia? E agora, o que vai ser da música? E agora o que vai ser da cultura? Que tipo de governo a gente vai ter pela cultura? Que tipo de política cultural? Que tipo de mundo a gente vai ter? Que tipo de economia?”
Sobre a pergunta, “qual seria o agora de Zezinho” e o que ele poderia responder enquanto poeta e cantor? “Naquele momento que meu irmão chegou para falar do novo projeto, aí eu olhei para ele e falei: E agora, José? Você quer saber o que vem agora? Agora vem Zezinho Maranhão. Daí ele resolveu o nome do projeto E agora, Zezinho!! como uma resposta a Drummond, no caso particular dele, não uma resposta universal, mas uma resposta regional”.
Ao acatar a sugestão do professor, o nome do álbum foi batizado de E agora, Zezinho!! A letra que trata da referência ao poema de um dos maiores nomes da literatura brasileira é mais um fruto, a frase com a resposta específica pode ser conferida na última estrofe da música.
Era noite, lua cheia, linda noite
Zanzim zuava a passarada do local
De farra as cigarras dissonavam
E os vaga-lumes prediziam o luau
Histórias fogueirando proibidas
Aos decibéis que permitia o ambiental
Violava violeiro por gostar
Do ritual, do ritual, do ritual
E eu mapinguari
Com a minha viola virei bicho folharal
Tirei um verso ao meu amor que traz no ventre
Mais um fruto da Amazônia ocidental
Óh mãe terra protegei
Parteiras, benzedeiras e mostrai
Um olho dágua a esse mateiro, beradeiro
Maranhão um brasileiro e não te peço nada mais
Foi aí que Deus pai abençoou
Pois nessa estrada nunca me deixou sozinho
Deu-me a roupa, água e o pão
Me vestindo de canção
E agora, José?
O canto perguntou baixinho
Deu-me a roupa, água e pão
Me vestindo de canção
O tempo respondeu: e agora, Zezinho!
Texto: David Rodrigues | Jornalista Secom ALE/RO