Por Victor Hugo dos Santos da Costa
O Acre deu um passo histórico na preservação de sua memória e identidade cultural. O Novenário de Nossa Senhora da Glória, celebrado há mais de um século em Cruzeiro do Sul, foi oficialmente registrado como patrimônio cultural imaterial do Estado.
A decisão inédita foi aprovada por unanimidade na primeira sessão extraordinária do Conselho Estadual de Patrimônio Histórico e Cultural, realizada em 1º de agosto, e oficializada por meio de resolução publicada no Diário Oficial na quinta-feira, 21.
Com o reconhecimento, o Novenário deixa de ser apenas um bem cultural e passa a contar com a proteção do Estado, o que garante maior visibilidade e a implementação de políticas de salvaguarda. Durante a sessão, o presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), Minoru Kinpara, ressaltou a relevância da celebração para a sociedade acreana e destacou que o registro pode inspirar o reconhecimento de outras manifestações religiosas e culturais no estado.
A decisão foi fundamentada em um dossiê elaborado pela historiadora e pesquisadora Irineida Nobre, que reuniu depoimentos de fiéis, pesquisadores e guardiões da tradição. A reunião contou ainda com a participação de representantes de instituições como Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Universidade Federal do Acre (Ufac), Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), Conselho Estadual de Cultura (Concultura) e Secretaria de Estado de Turismo e Empreendedorismo (Sete), que contribuíram para o processo de validação.
“É um patrimônio que não é ‘de pedra e cal’, como se diz, não é uma edificação, é um registro imaterial. Ele se mantém vivo quanto mais pessoas souberem da sua existência e quanto mais cuidarem da sua permanência”, destacou a pesquisadora.
Realizado todos os anos em agosto, o Novenário de Nossa Senhora da Glória reúne milhares de fiéis de Cruzeiro do Sul e de outras regiões do Acre. Mais do que uma celebração religiosa, o evento tornou-se um espaço de identidade coletiva, encontro comunitário e expressão da fé popular, transmitida de geração em geração.
Agora, como patrimônio cultural imaterial, o Novenário integra oficialmente a lista estadual de bens protegidos, o que abre caminho para políticas públicas de valorização, programas de educação patrimonial, inclusão no calendário turístico e novos estudos de salvaguarda.
Com esse reconhecimento, a FEM não apenas protege uma tradição centenária, mas reafirma a importância de valorizar um fazer que sustenta a vida comunitária. O registro do Novenário de Nossa Senhora da Glória como patrimônio cultural imaterial é, ao mesmo tempo, um gesto de preservação da memória e de projeção para o futuro, assegurando que a fé, a cultura e a história do povo acreano permaneçam vivas para as próximas gerações.
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