Na última sexta-feira (25), o Município sediou uma oficina orientativa promovida pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), reunindo profissionais da saúde, educação, assistência social e do Judiciário com o objetivo de fortalecer a articulação intersetorial e aprimorar o cuidado em saúde mental. O evento, organizado pela RAPS Municipal, destacou a importância do encontro frente ao aumento expressivo dos casos de sofrimento psíquico após a pandemia.
Lígia Souza Leite, coordenadora do RAPS Municipal, pontua que um cidadão em sofrimento psíquico afeta todo o seu núcleo familiar e chama a atenção para a necessidade de estruturar a rede de forma mais efetiva. "A saúde mental é um desafio urgente. Estudos da Sociedade Brasileira de Psiquiatria já previam um aumento de 30% nos transtornos mentais no pós-pandemia, e hoje vemos que esses números são ainda maiores. Precisamos de mais profissionais qualificados e serviços para atender a essa crescente demanda", enfatizou.
Durante o encontro, foram discutidas estratégias para ampliar a capacidade de acolhimento e tratamento, incluindo o fortalecimento de equipamentos como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) adulto e infantil e o Centro de Reabilitação (CER), que também oferece atendimento especializado a pessoas com autismo. “Somos um Município privilegiado por termos esses serviços, mas a demanda exige ainda mais estrutura”, pontuou Lígia.
Segundo a secretária adjunta de Saúde, Ana Claudia Ferraz, embora o tema da saúde mental esteja cada vez mais em pauta, muitas pessoas ainda desconhecem o funcionamento da RAPS e o fluxo de atendimento que acontece nos bastidores. Segundo ela, com essa iniciativa, espera-se aumentar a conscientização e fortalecer os laços entre os serviços de saúde mental e a população.
“O objetivo da oficina é sanar dúvidas e promover uma conversa com a população sobre o entendimento que têm sobre saúde mental. Isso permitirá que se oriente melhor a comunidade sobre a importância da RAPS e como ela funciona”, explicou.
Para a juíza Emanuelle Chiaradia Navarro, responsável pela Vara da Infância e Juventude da Comarca de Sorriso, que também participou da oficina, a sociedade precisa olhar com mais atenção para a saúde mental como política pública, ressaltando um ambiente social mais saudável que começa com o cuidado da convivência familiar. "Todos os municípios precisam se preparar. Já vivemos uma epidemia silenciosa de transtornos mentais, e o Judiciário atua de forma antimanicomial, buscando encaminhar as pessoas em sofrimento para tratamento humanizado nos CAPS, quanto melhor estiverem as pessoas ao nosso redor, melhor estaremos nós também”, afirmou.
A iniciativa reafirma o compromisso com a construção coletiva de uma saúde mental mais efetiva, acolhedora e acessível a todos e reforça o papel da oficina como espaço de integração, salienta o psiquiatra Rafael Giusti, que atua no CAPS adulto de Sorriso, reforçou o papel da oficina como espaço de integração.
“Esses encontros são fundamentais porque permitem enxergar onde estão os vazios na atenção ao usuário e como cada setor pode atuar para oferecer um cuidado integral. O sofrimento mental impacta todas as esferas da vida, e só com uma rede forte conseguimos oferecer o suporte necessário para que essas pessoas possam se reerguer”.
Como próximo passo, ficou definido que no dia 27 de agosto, todos os setores envolvidos voltarão a se reunir para a elaboração do Plano Integrado da RAPS, documento que irá nortear as ações e estratégias conjuntas da rede no Município.
Texto: Janaína Oliveira
Fotos: Decom Saúde
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