Falar com a Gazeta!
Gazeta Buritis
Publicidade

Dados oficiais desmistificam ideias de forte fluxo de acreanos para outros estados

Constantemente, dados sobre os fluxos migratórios de pessoas do estado do Acre para outras regiões do Brasil são divulgados e, consequentemente, ap...

Redação
Por: Redação Fonte: Secom Acre
28/07/2025 às 16h16
Dados oficiais desmistificam ideias de forte fluxo de acreanos para outros estados
Foto: Reprodução/Secom Acre

Constantemente, dados sobre os fluxos migratórios de pessoas do estado do Acre para outras regiões do Brasil são divulgados e, consequentemente, apresentados à população como se fossem informações concretas. No entanto, dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicados no dia 27 de junho, a partir do estudo da amostra do Censo de 2022, permitem uma análise mais precisa dos deslocamentos populacionais.

Continua após a publicidade
Receba, no WhatsApp, as principais notícias da Gazeta Buritis!
ENTRAR NO GRUPO
De 90 a 100% de acreanos nascem e vivem no estado. Foto: Alice Leão/Secom
De 90 a 100% de acreanos nascem e vivem no estado. Foto: Alice Leão/Secom

O Acre abriga atualmente uma população estimada em 880.631 pessoas (dados até 2024). Os índices mostram que a maioria dos acreanos que residem fora do estado está concentrada em municípios próximos à divisa com o Amazonas. A capital com o maior percentual de pessoas nascidas no Acre não está nos estados do Sul ou Sudeste, como costuma ser imaginado, mas sim em Rondônia: Porto Velho possui 4,8% de sua população formada por acreanos, o que se explica pela proximidade geográfica entre os estados.

Outro dado importante indica que Rio Branco tem mais de 10% de seus habitantes oriundos de outras regiões do país. Ou seja, ainda que alguns acreanos se desloquem para outros estados, há também um movimento inverso: pessoas de outras localidades vêm ao Acre em busca de oportunidades de trabalho, estudo e qualidade de vida.

Acre concentra grande parte de pessoas naturais de outras regiões do país. Foto: divulgação
Acre concentra grande parte de pessoas naturais de outras regiões do país. Foto: divulgação

Segundo o IBGE, mais de 90% das pessoas nascidas no Acre permanecem no estado ao longo da vida. Os dados gráficos indicam, em tons de laranja e amarelo, a predominância de nascidos que nunca saíram dos limites estaduais.

Continua após a publicidade
Anúncio

Além disso, fatores como a redução do desemprego e a recente exclusão de 5,6 mil famílias do Programa Bolsa Família por aumento de renda, em julho, reforça uma tendência positiva. Essas famílias deixaram de receber o benefício por terem conquistado estabilidade financeira, seja por meio de emprego formal ou iniciativas empreendedoras.

O chefe das divisões de Apoio a Migrantes e Refugiados, Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Erradicação do Trabalho Escravo da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), Lucas Guimarães, afirma que a saída de acreanos para outros estados costuma gerar uma percepção equivocada de grande êxodo.

“No entanto, essa impressão pode ser comparada à de um evento raro, mas de grande impacto. Assim como a queda de um raio — incomum, mas que quando ocorre chama atenção. A migração, apesar de ser uma realidade, não representa necessariamente um fluxo massivo e unidirecional”, disse.

O gestor ressalta que as migrações fazem parte da dinâmica natural do estado, impulsionadas por múltiplas razões. Muitos acreanos migram por oportunidades educacionais, aposentadoria, tratamentos médicos ou questões pessoais.

“Contudo, é crucial expandir a narrativa. Se muito se fala dos que partem, pouco se destaca o outro lado da moeda: o Acre como um novo lar para migrantes. Estudantes vêm para as universidades, profissionais são atraídos por oportunidades de trabalho ou aprovação em concursos públicos. O estado também é ponto de chegada para um fluxo migratório internacional significativo em suas fronteiras. Muitos desses recém-chegados, embora inicialmente de passagem, acabam criando raízes e contribuindo para a diversidade cultural e econômica do estado”, declarou.

Desmistificando a migração para Santa Catarina

Um dos mitos populares reforça a ideia de que a maioria dos acreanos migra para Santa Catarina. No entanto, o levantamento do IBGE mostra que os principais estados que contribuíram com fluxos migratórios para Santa Catarina foram Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Da região Norte, os maiores percentuais de migração para aquele estado são oriundos de Rondônia, Amazonas e Pará. O Acre não aparece entre os principais estados de origem.

Acre não está entre os principais estados com migração para Santa Catarina. Foto: divulgação
Acre não está entre os principais estados com migração para Santa Catarina. Foto: divulgação

Quando os dados são confrontados, percebe-se que cidades como Blumenau, Balneário Camboriú e Florianópolis, ou outros municípios de Santa Catarina, não têm percentual de população representativa do Acre, contrariando o senso comum.

João Pessoa

Outro destino divulgado como um dos mais procurados por acreanos entre a população é a capital da Paraíba, João Pessoa, mas segundo as estatísticas brasileiras apenas 0,2% da população de João Pessoa é formada por acreanos.

Menos de 1% da população de João Pessoa é do Acre. Foto: divulgação
Menos de 1% da população de João Pessoa é do Acre. Foto: divulgação

Quebrando barreiras

O advogado Amilson Albuquerque Limeira Filho, natural da Paraíba e atualmente residente no Acre, destaca que sua mudança se deu por motivos profissionais. Ele atua como assessor jurídico da Secretaria Municipal de Habitação e Urbanismo (Sehurb) e é professor substituto no Instituto Federal do Acre (Ifac).

Advogado veio da Paraíba para o Acre e destaca oportunidades no estado. Foto: cedida
Advogado veio da Paraíba para o Acre e destaca oportunidades no estado. Foto: cedida

“Essa formação interdisciplinar foi muito bem recebida, tanto na esfera pública quanto na perspectiva do mercado privado. As portas estão abertas para mim, e isso é promissor, pois demonstra que o estado valoriza a competência.”

Segundo Amilson, o Acre possui grande potencial de desenvolvimento. “O estado do Acre é rico em recursos naturais e possui uma sociobiodiversidade que favorece sua atuação no mercado interno, regional e até internacional”, afirmou.

Ele também valoriza a cultura local. “Tenho acesso a um vasto patrimônio gastronômico, a uma literatura extremamente rica e a percepções políticas diferenciadas, reforçadas por toda essa riqueza sociocultural. Já me sinto acreano e pretendo fixar minha residência aqui.”

A busca por uma vida melhor

O levantamento do IBGE mostra que a migração de acreanos para outras regiões do país está mais ligada a vínculos familiares e proximidade geográfica do que à busca por trabalho. Ou seja, não há um fluxo relevante de pessoas deixando o Acre por falta de oportunidades.

Acreanos se concentram mais nas divisas entre Amazonas e Rondônia. Foto: divulgação
Acreanos se concentram mais nas divisas entre Amazonas e Rondônia. Foto: divulgação

Atualmente, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e os do Nordeste não concentram números relevantes de acreanos que se mudam para essas regiões.

Números comprovam

Os números desconstroem a narrativa de que acreanos estariam deixando o estado em massa por falta de oportunidades. Estudos da Unicamp mostram que, em parte do período de gestões anteriores, o número de emigrações no Acre chegou a quase 30 mil pessoas. A realidade atual é distinta.

Fonte de renda e empregabilidade

Entre 2020 e 2025, a taxa de desemprego no Acre apresentou queda contínua. O ano de 2023 registrou a menor taxa da série histórica: 4,9%. Em 2024, o estado encerrou o ano com índice de 6,4% e, em 2025, manteve-se estável no primeiro trimestre, com saldo positivo na geração de empregos no mês de março.

Evolução do desemprego no Acre (2020–2025):

  • 2020: Impacto da pandemia de covid-19 no mercado de trabalho.
  • 2021–2022: Recuperação gradual, com criação de empregos formais.
  • 2023: Menor taxa da série histórica (4,9%).
  • 2024: Leve aumento (6,4%), ainda em patamar controlado.
  • 2025: Estabilidade no 1º trimestre e crescimento de postos formais em março.

The post Dados oficiais desmistificam ideias de forte fluxo de acreanos para outros estados appeared first on Noticias do Acre .

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários