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Acre leva a realidade da educação na floresta à Brasília e cobra inclusão do fator amazônico no novo Plano Nacional de Educação

Com canoas carregadas de merenda escolar, tijolos transportados no inverno para construir no verão e professores que muitas vezes são os únicos age...

Redação
Por: Redação Fonte: Secom Acre
15/07/2025 às 19h34
Acre leva a realidade da educação na floresta à Brasília e cobra inclusão do fator amazônico no novo Plano Nacional de Educação
Foto: Reprodução/Secom Acre

Com canoas carregadas de merenda escolar, tijolos transportados no inverno para construir no verão e professores que muitas vezes são os únicos agentes do Estado presentes em comunidades isoladas. Este é o retrato vivo da educação na Amazônia que o Acre levou à Câmara dos Deputados, nesta terça-feira, 15. A realidade foi apresentada pelo secretário de Estado de Educação e Cultura, Aberson Carvalho, durante reunião da Comissão Especial que discute o novo Plano Nacional de Educação (PNE) 2024–2034.

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Acre participou ativamente de reunião na Câmara dos Deputados sobre o novo PNE. Foto: Douglas Bocardi/SEE
Acre participou ativamente de reunião na Câmara dos Deputados sobre o novo PNE. Foto: Douglas Bocardi/SEE

Convocado pela deputada federal Socorro Neri (PP/AC), o encontro reuniu gestores, parlamentares e representantes de conselhos para defender a inclusão do fator amazônico como elemento estruturante no plano. A proposta é que as singularidades da região, como as grandes distâncias, a ausência de infraestrutura básica e a baixa densidade populacional, sejam consideradas nos critérios de financiamento, execução e avaliação de políticas educacionais.

“Estamos falando de escolas onde o acesso leva dois ou três dias de viagem em canoa pequena, por igarapés que secam no verão. Onde o professor precisa descer do barco, empurrar material com a água na cintura para garantir que a aula aconteça. Onde não há energia elétrica, nem água potável. Mas onde há escola, porque há professor”, afirmou o secretário.

Atualmente, o Acre mantém 394 escolas anexas em áreas rurais e ribeirinhas, atendendo cerca de 3 mil alunos. Dessas unidades,198 não têm energia elétrica e 296 funcionam sem acesso à água potável. Muitas vezes, as aulas ocorrem em espaços improvisados, como casas de moradores ou igrejas, enquanto o estado organiza a implantação de estruturas permanentes, com materiais de construção levados por embarcaçções que depende da cheia dos rios.

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“Uma escola de duas salas pode levar até dois anos para ser construída, porque a logística depende do ciclo das águas. Mas o professor já está lá, alfabetizando. Mesmo com todas as limitações, garantindo que aquela criança tenha uma ponte com o mundo”, explicou Aberson.

“Não dá para pensar um plano nacional de educação sem considerar o que acontece nos extremos do país. A Amazônia não pode ser tratada como exceção”, defendeu secretário de Educação do Acre, Aberson Carvalho. Foto: Ascom/SEE
“Não dá para pensar um plano nacional de educação sem considerar o que acontece nos extremos do país. A Amazônia não pode ser tratada como exceção”, defendeu secretário de Educação do Acre, Aberson Carvalho. Foto: Ascom/SEE

Outro desafio destacado é o custo da operação educacional em áreas de difícil acesso. Mais de 400 escolas no estado atendem até 20 alunos, o que torna o custo por estudante significativamente maior que em regiões urbanas. Apesar disso, os critérios atuais de repasse federal não consideram essas realidades, criando um cenário de subfinanciamento crônico. O Acre estima um déficit anual de R$ 24 milhões apenas para manter essas estruturas em funcionamento.

“A maioria desses estudantes vive em comunidades onde nem sempre há posto de saúde, policiamento ou outros serviços públicos. O professor é, muitas vezes, o único agente do Estado presente. Por isso, não é exagero dizer que garantir a escola é garantir a presença do poder público”, reforçou.

Aberson também destacou a necessidade de flexibilizar os modelos de financiamento e construção escolar. Segundo ele, os projetos-padrão do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) não contemplam escolas pequenas, com duas ou três salas de aula, que são justamente as que atendem a maior parte da população da floresta.

A reunião teve como foco a construção coletiva de uma proposta que contemple a diversidade do território nacional, com base em dados e vivências dos estados da Amazônia Legal. Além de Aberson Carvalho, participaram a deputada federal Socorro Neri, o secretário municipal de Educação e vice-prefeito de Rio Branco, Alysson Bestene, Maria de Fátima Miranda de Lima, do Conselho Estadual de Educação do Acre, e a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre, Rosana Nascimento, além de parlamentares e representantes de outros estados da região.

“Não dá para pensar um plano nacional de educação sem considerar o que acontece nos extremos do país. A Amazônia não pode ser tratada como exceção. Ela precisa estar no centro das decisões, com políticas específicas, financiamento justo e respeito à nossa realidade”, concluiu o secretário.

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