O estado do Acre foi um dos oito a registrar intensificação da seca em maio, segundo a última atualização do Monitor de Secas, divulgada na terça-feira, 24, pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O levantamento mostra que, entre abril e maio, o fenômeno perdeu força em oito estados, mas se agravou em outros oito: Acre, Maranhão, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Santa Catarina.
Em outras sete unidades da federação: Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe, a seca se manteve estável. Já o Pará permaneceu livre do fenômeno, enquanto o Amapá deixou de registrá-lo graças ao volume de chuvas acima da média. Em Rondônia e Roraima, por outro lado, a seca voltou a ser observada em maio.
No Acre, a situação se agravou significativamente: a área afetada pela seca passou de 40% para 64% entre abril e maio. Além disso, o estado apresentou o maior percentual de área com seca da região Norte no mês, com a severidade do fenômeno também em ascensão, a seca moderada cresceu de 18% para 20% do território acreano.
Diante desse cenário, o governo estadual vem antecipando medidas e fortalecendo a articulação entre os órgãos responsáveis pelo enfrentamento. Como parte dessas ações, foi realizada na quarta-feira, 18 de junho, a 3ª Reunião Técnica de Ações Integradas para o Enfrentamento ao Período de Seca, promovida pelo Gabinete de Crise e pelo Grupo Operacional de Comando e Controle (Gocc), no Museu dos Povos Acreanos, em Rio Branco.
O evento reuniu representantes de instituições ambientais em todas as esferas — municipal, estadual e federal — além de pesquisadores que apresentaram projeções meteorológicas e hidrológicas para o próximo trimestre. A reunião foi coordenada pelo Gabinete de Crise, em conjunto com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (CEPDC).
Durante o encontro, foram apresentados dados do Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia), fundamentais para aprimorar a gestão de riscos ambientais durante a estiagem.
A Defesa Civil estadual destacou medidas como a formação de brigadas comunitárias em unidades de conservação, a Operação Contenção Verde (voltada à prevenção de desmatamento e queimadas ilegais), além de planos de contingência e outras ações preventivas.
“O Gabinete de Crise conta com mais de 26 instituições que se reúnem periodicamente para discutir estratégias operacionais. Com base nos indicadores dos anos de 2023 e 2024, estamos nos organizando para mitigar os efeitos da seca em áreas críticas como saúde pública, combate a incêndios florestais e abastecimento de água, com foco especial no saneamento básico”, afirmou o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Carlos Batista.
Sobre o estudo, o coordenador Carlos Batista afirmou que o aumento da área de seca já era previsto e que os dados estão sendo monitorados continuamente.
“Maio costuma ser mais seco que abril, e a tendência de redução das chuvas se mantém nos meses seguintes, junho, julho, agosto e setembro, o que naturalmente favorece a expansão das áreas afetadas pela seca. No Amazonas, por exemplo, os níveis dos rios estão um pouco mais altos, o que explica uma área seca proporcionalmente menor em relação ao Acre. Mas esse comportamento segue um padrão esperado”, explicou.
Batista também alertou que as instituições vêm acompanhando a evolução de um possível cenário de seca severa, cujos efeitos incluem o aumento do risco de incêndios florestais, doenças respiratórias e escassez de recursos hídricos.
“Esses efeitos atingem diretamente o abastecimento de água e o transporte de itens essenciais para municípios de difícil acesso. Por isso, estamos promovendo discussões integradas entre as instituições, a fim de tomar decisões conjuntas que ajudem a reduzir os impactos sobre a população em todo o estado do Acre.”
Ele destacou ainda que o Gabinete de Crise já realizou três reuniões em 2025 com o objetivo de traçar estratégias de enfrentamento, utilizando a experiência acumulada nos eventos críticos de 2023 e 2024.
O governador Gladson Camelí destaca que toda a equipe está preparada para atender as demandas que o período exige, pois é uma determinação se antecipar.
“Estamos nos antecipando aos cenários para evitar surpresas. O monitoramento é contínuo por parte de todos os órgãos responsáveis, permitindo que atuemos da melhor forma possível para minimizar os danos causados à população”, afirmou.
O Monitor realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores do fenômeno e nos impactos causados em curto e/ou longo prazo. Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes até seis meses. Acima desse período, os impactos são de longo prazo. Essa ferramenta vem sendo utilizada para auxiliar o planejamento e a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessada tanto pelo site monitordesecas.ana.gov.br quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos móveis com os sistemas Android e iOS.
O projeto tem como principal produto o Mapa do Monitor, construído mensalmente a partir da colaboração dos estados integrantes do projeto e de uma rede de instituições parceiras que assumem diferentes papéis na rotina de sua elaboração. Por meio da ferramenta, é possível comparar a evolução das secas nos 26 estados e no Distrito Federal a cada mês vencido, sendo que o processo de expansão dessa iniciativa foi concluído com a entrada do Amapá no Mapa do Monitor de dezembro de 2023.
A metodologia do Monitor de Secas foi baseada no modelo de acompanhamento de secas dos Estados Unidos e do México. O cronograma de atividades inclui as fases de coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do Mapa pela equipe de autoria, validação dos estados envolvidos e divulgação da versão final do Mapa do Monitor, que indica a ausência do fenômeno ou uma seca relativa, significando que as categorias de seca em uma determinada área são estabelecidas em relação ao próprio histórico da região.
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