A cidade de Buritis (RO) se junta à lista de municípios rondonienses que perderam agências físicas do Bradesco nos últimos anos. A unidade local foi oficialmente encerrada, afetando diretamente os moradores, especialmente os que não estão totalmente inseridos no universo digital. A medida, no entanto, não é um caso isolado: trata-se de um reflexo da política de reestruturação que o banco vem adotando em todo o território nacional.
De acordo com dados divulgados em balanços do próprio Bradesco e por veículos como Folha de S.Paulo e Valor Econômico, o banco fechou 2.593 agências físicas no Brasil entre o final de 2019 e março de 2025. Só no ano de 2024, foram 390 agências encerradas, além de centenas de postos de atendimento e unidades de negócios. O movimento continua: nos últimos 12 meses, foram mais 420 agências fechadas.
Em Rondônia, o Sindicato dos Bancários e Financiários do Estado (SEEB-RO) afirma que 16 agências do Bradesco foram encerradas entre julho de 2022 e outubro de 2024, incluindo cidades como Porto Velho, Ji-Paraná, Candeias do Jamari, Nova Mamoré e agora Buritis.
Embora o banco não divulgue publicamente os motivos de cada encerramento, a principal justificativa apontada é a transformação digital. Em nota à imprensa em 2023, o Bradesco destacou que
“a decisão de fechar ou agregar agências faz parte de um processo contínuo de adequação à nova realidade do setor bancário, com foco em eficiência, conveniência e sustentabilidade”.
De forma resumida, o encerramento das unidades físicas ocorre por três motivos principais:
Digitalização dos serviços:
Mais de 80% das transações dos clientes já ocorrem por canais digitais como aplicativos e internet banking.
Redução de custos operacionais:
Manter uma agência envolve gastos com aluguel, segurança, energia, manutenção predial e folha de pagamento de funcionários.
Redistribuição de investimentos:
Recursos economizados com a operação física estão sendo realocados para desenvolvimento de novas tecnologias, inteligência artificial e capacitação de colaboradores para o atendimento digital.
Em municípios com menor estrutura digital ou onde parte da população ainda depende do atendimento presencial, o fechamento de uma agência pode gerar desafios sociais e econômicos. Comerciantes, produtores rurais e idosos, por exemplo, podem encontrar mais dificuldades para realizar transações, tirar dúvidas ou acessar crédito de maneira imediata.
A decisão do Bradesco de fechar a agência em Buritis está inserida em um contexto amplo de transformação digital do sistema bancário brasileiro. No entanto, essa reestruturação traz consigo o desafio de garantir acesso bancário justo e inclusivo, especialmente em regiões com menos recursos tecnológicos. Cabe à sociedade, autoridades locais e ao próprio banco discutir alternativas que reduzam os impactos negativos desse processo.