O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), realizou nesta segunda-feira, 23, a abertura da 6ª Semana Estadual de Migrante, Refugiado e Apátrida. O evento foi sediado na Casa de Passagem de Migrantes, em Rio Branco, e marcou também o lançamento oficial da campanha Acre sem Xenofobia, iniciativa que reforça o compromisso do Estado com o respeito e a dignidade de todas as pessoas em situação de migração.
Neste ano, pela primeira vez, todas as atividades da Semana serão concentradas na Casa de Passagem, com o objetivo de dar visibilidade aos migrantes e fortalecer as ações de acolhimento. A programação inclui rodas de conversa, ações de saúde, emissão de currículos, serviços jurídicos e um encerramento cultural.
“Escolhemos fazer a programação inteira aqui na Casa de Passagem, justamente para colocar os migrantes no centro das atenções e reforçar que eles são prioridade nas nossas políticas públicas”, destacou Lucas Guimarães, chefe da Divisão de Apoio a Migrantes e Refugiados e presidente do Comitê Estadual de Apoio aos Migrantes, Apátridas e Refugiados (Ceamar).
Presente na cerimônia, o secretário de Assistência Social de Rio Branco, João Marcos Luz, destacou a política migratória do Brasil. “Nosso país tem uma das políticas mais humanas do mundo com relação a acolher os migrantes. Que a gente possa atender as pessoas, acolher com humanidade, com dignidade. E eu, como brasileiro, me sinto muito feliz. É com esforço e com união que a gente tem conseguido implantar e fazer da política de imigração”, disse.
A coordenadora da Casa de Passagem, Carla Adriana Santos, agradeceu a iniciativa do Estado em centralizar as ações da semana no abrigo. A Casa de Passagem tem capacidade para 50 pessoas e atualmente está com 63. “É aqui que os migrantes vivem diariamente suas dores, desafios e esperanças. Fazer a semana aqui é uma forma de reconhecimento e respeito”, avaliou.
Terça-feira, 24: ação de saúde bucal com a participação das secretarias de saúde do Estado e do Município, com atendimento odontológico realizado por unidades móveis da Prefeitura de Rio Branco.
Quarta-feira, 25: Salão Social, doação de roupas por meio do programa Vestuário Social, da SEASDH, além de orientações para elaboração de currículos, em parceria com a Secretaria de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict).
Quinta-feira, 26: Tenda Social, com serviços da Defensoria Pública, Centro de Referência de Direitos Humanos e Centro de Referência de Assistência Social (Cras), incluindo atendimento jurídico e social.
Sexta-feira, 27: encerramento com uma visita guiada ao Museu dos Povos Acreanos, com tradução para os participantes.
Durante a cerimônia, também foi lançada a campanha Acre sem Xenofobia, que contará com ações educativas e distribuição de materiais informativos em locais com grande circulação de migrantes, como a rodoviária, postos de saúde e órgãos de atendimento social.
Segundo Lucas Guimarães, a campanha é um dos compromissos assumidos pelo Estado após o reconhecimento com o Selo MigraCidades, concedido pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que reconhece boas práticas em gestão migratória.
“Queremos levar essa discussão à sociedade, aos servidores e a todos que atendem migrantes diariamente. Muitas vezes a xenofobia aparece em falas simples, como dizer que migrantes estão tirando vagas de trabalho ou se aproveitando de benefícios sociais. Precisamos mudar essa cultura”, ressaltou.
A campanha também prevê capacitações para servidores de diversas áreas, como saúde, segurança e assistência social.
Representando a secretária Mailza Assis, a secretária adjunta da SEASDH, Amanda Vasconcelos, destacou os avanços na política estadual de migração, como o fortalecimento das casas de passagem e a ampliação de direitos: “Hoje temos um abrigo com estrutura digna, que garante segurança alimentar, acesso à saúde, educação e outros direitos básicos, reafirmando que quem está em território brasileiro deve ter seus direitos respeitados”.
A venezuelana Gabriela Jimenez trabalhava no país como policial universitária. E precisou deixar, com o marido e os dois filhos, tudo para trás, após perder o emprego por perseguição política. “Tivemos um problema com uns funcionários de outro corpo policial, nos estavam ameaçando e tivemos que sair do país”, relatou.
A família está na Casa de Passagem em Rio Branco há cerca de 20 dias e deve seguir para Minas Gerais. No Brasil, Gabriela espera trabalhar na área de segurança. “Eu estive investigando a questão dos cursos de segurança, também porque eu gosto, é minha paixão. Temos muita esperança no Brasil, nos falaram coisas muito boas”, disse.
O marido, Jeferson Perdomo, trabalhava na Venezuela como engenheiro mecânico. “Começaram as ameaças e tivemos que deixar tudo e ir embora. Pedimos asilo político no Peru, e eles negaram. Aqui que a gente está realmente buscando oportunidade. Quero trabalhar na minha área, ou num frigorífico, onde eu possa trabalhar e dar estabilidade para minha família. Em Minas Gerais tenho um amigo que vai me acolher”, contou.
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