Falar com a Gazeta!
Gazeta Buritis
Publicidade

Governo do Acre participa de seminário sobre educação rural e indígena promovido pela Câmara dos Deputados

O Acre vive um novo momento na construção de políticas públicas para a educação em áreas remotas. Na manhã desta terça-feira, 10, o auditório da Se...

Redação
Por: Redação Fonte: Secom Acre
17/06/2025 às 16h10
Governo do Acre participa de seminário sobre educação rural e indígena promovido pela Câmara dos Deputados
Foto: Reprodução/Secom Acre

O Acre vive um novo momento na construção de políticas públicas para a educação em áreas remotas. Na manhã desta terça-feira, 10, o auditório da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE) em Rio Branco virou palco de um amplo encontro entre governo estadual, câmara federal e entidades representativas, com o objetivo de destravar investimentos e melhorar a qualidade do ensino rural e indígena na Amazônia.

Continua após a publicidade
Receba, no WhatsApp, as principais notícias da Gazeta Buritis!
ENTRAR NO GRUPO

Convocado pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, a pedido da deputada federal Socorro Neri, o seminário reuniu a SEE, a Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime/AC), o Ministério Público do Estado (MPAC) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AC). No centro do debate, estavam as demandas de infraestrutura (água, energia, saneamento básico e conectividade) e o encaminhamento de emendas parlamentares para ações emergenciais. Dados do Relatório Situacional 2025, apresentado pelo secretário de Educação e Cultura, Aberson Carvalho, mostram que o Acre atende 37.463 turmas, das quais 30.930 são alunos da zona rural e 6.533 alunos indígenas. No Acre, ainda existem 136 unidades de ensino que carecem de energia elétrica.

Seminário reúne diversas entidades para discutir realidade da educação rural e indígena na região amazônica. Foto: SEE/Mardilson Gomes
Seminário reúne diversas entidades para discutir realidade da educação rural e indígena na região amazônica. Foto: SEE/Mardilson Gomes

No orçamento deste ano, R$ 280 milhões estão reservados à Educação do Campo e R$ 65 milhões à Educação Indígena, mas a execução depende da liberação de convênios e licitações. Socorro Neri ressaltou o papel do Congresso na superação das barreiras históricas: “Ao levarmos essa pauta ao Parlamento, queremos garantir que as emendas saiam com planejamento e pressa. Não há mais tempo para protocolos que emperrem a vida de quem estuda longe dos centros urbanos”.

Na avaliação de Aberson, a redistribuição dos recursos precisa ter equidade. Ao defender a permanência e a valorização das escolas em territórios isolados, o secretário defende uma atualização no custo-aluno. “O custo de manter uma escola numa comunidade da floresta é infinitamente maior do que na cidade. E não é custo, é investimento na existência dessas populações. Quando Brasília olha e vê uma escola com 10 ou 15 alunos, alguns acham que isso é desperdício. Não é. É cidadania, é garantir que aquele povo continue existindo, com dignidade, com acesso ao saber e com presença do Estado onde mais importa”, analisou.

Continua após a publicidade
Anúncio
Secretário de Educação e Cultura, Aberson Carvalho apresentou um relatório situacional da rede de ensino das modalidades. Foto: Mardilson Gomes/SEE
Secretário de Educação e Cultura, Aberson Carvalho apresentou um relatório situacional da rede de ensino das modalidades. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Representando a Undime, o secretário municipal de Educação de Feijó, Mauro Braga, defendeu a construção de redes de colaboração entre municípios. “Sem a articulação entre prefeituras, governo, gestão escolar, área política, a educação rural continuará fragmentada. Precisamos de apoio técnico contínuo e capacitação para nossos gestores locais”, propôs.

Ao fim do seminário, ficou pactuado que as informações apresentadas serão consolidadas em um relatório que servirá de base para articulações no Congresso Nacional e nos órgãos de controle. As instituições presentes reforçaram o compromisso de manter o diálogo aberto e buscar alternativas conjuntas para enfrentar os desafios estruturais da educação rural e indígena no Acre, especialmente na busca por mais investimentos.

O que disseram

“Se nós não cuidarmos da educação na Amazônia, se nós não cuidarmos das escolas no meio da floresta, o Estado não chega. O único Estado que chega é o professor, que está lá enfrentando lama, sol, enchente, seca. Eu gosto muito de repetir isso. Quando você vai a uma comunidade, lá no rio, no meio da floresta, muitas vezes o único prédio que está em pé é a escola. Tem a escola e o professor. Essa é a reflexão que a gente precisa fazer como Brasil: quem está garantindo a presença do Estado no meio da floresta? Quem está garantindo a cidadania das pessoas que moram nas comunidades isoladas? É o professor”

Aberson Carvalho, secretário de Educação e Cultura do Acre

“Estamos falando de comunidades aonde o acesso é limitado, aonde o deslocamento, na maior parte do ano, se dá exclusivamente por meio dos rios ou por trilhas em meio à floresta. Portanto, é preciso que a gente agora olhe de frente para essa situação e, de fato, de uma vez por todas, busque superar esses desafios e ofertar ensino de qualidade, tanto para estudantes que moram em áreas mais isoladas, como para estudantes que moram também em aldeias e em todo o ensino rural e indígena do nosso estado”

Deputada federal Socorro Neri

“Sou pedagoga, fui professora por oito anos na minha aldeia e conheço profundamente essa realidade. Quando construímos a política de educação escolar indígena no Acre, era muito mais difícil. Hoje, com o apoio do governo, sabemos que é possível transformar essa realidade. Temos um governo comprometido, que está priorizando a perfuração de poços, a implantação de placas solares e, principalmente, a ampliação das escolas indígenas. O governo do Acre está presente e comprometido com quem vive na floresta, nas aldeias, garantindo não só acesso, mas dignidade, respeito e futuro para nossas crianças e jovens”

Francisca Arara, secretária extraordinária dos Povos Indígenas

“A teoria é uma coisa, mas na prática é muito mais difícil. Precisa estar aqui, precisa viver essa realidade para poder emitir juízo de valor. Uma audiência como essa é importantíssima, porque nós vamos ter a oportunidade de colocar a realidade que nós vivemos, sobretudo lá no interior, nos municípios e nas escolas do campo. Tenho certeza que tirará a cortina de muitas coisas e trará novos horizontes, para que a gente possa pensar junto aos poderes uma forma de financiar melhor a educação para nós que vivemos aqui no interior do Acre, para nós que vivemos na Região Norte”

Mauro Barroso Braga, secretário municipal de Educação de Feijó e representante da Undime/AC

“A prioridade absoluta é a educação. E não sou eu quem diz isso, é a Constituição. E por quê? Porque se nós não concretizarmos o direito à educação, nós não vamos resolver os demais problemas da sociedade. Precisamos entender que não dá mais para tratar um aluno da zona rural da Região Norte com o mesmo recurso de um aluno do Sul do país. Isso precisa ser revisto. É uma questão contábil, não é filosófica. E, se não fizermos isso, o caos vai crescer. O abandono escolar impacta diretamente em todas as áreas sociais. Portanto, precisamos agir agora. O caminho é investir na infância, na juventude e, principalmente, na educação”

Abelardo de Castro Júnior, promotor de Justiça

The post Governo do Acre participa de seminário sobre educação rural e indígena promovido pela Câmara dos Deputados appeared first on Noticias do Acre .

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários