A Coordenadoria Regional de Educação de Manacapuru (a 68 quilômetros de Manaus), buscando estimular habilidades necessárias para a aprendizagem da leitura e da escrita dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental, desenvolveu o projeto “Recuperação de aprendizagem: é tempo de ler e escrever”. As atividades do projeto são desenvolvidas em 16 escolas da rede estadual de ensino do município, com alunos do 3º ao 5º ano que apresentam desempenho de aprendizagem abaixo do nível esperado.

Iniciado em 2022, o projeto foi elaborado como uma alternativa de alívio para a defasagem educacional causada pela suspensão das aulas presenciais durante a pandemia da Covid-19. A partir da análise de resultados das avaliações diagnósticas das escolas de Ensino Fundamental em Manacapuru, foi identificada a necessidade de um projeto de recuperação pedagógica específico para alunos com dificuldades ou defasagem no nível de alfabetização. Alguns desses alunos apresentam distorção idade/série, e/ou dificuldades de aprendizagem, ou deficiências neurológicas.

Para a secretária executiva adjunta Pedagógica da Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar, Georgete Borges, o projeto mostra o avanço nas políticas pedagógicas realizadas no Amazonas, além de destacar o esforço realizado pelo corpo docente no ambiente escolar, em união ao esforço realizado pelas famílias em casa, para o avanço dos índices educacionais do estado.

“Com todo o trabalho, com todo o estudo, com o todo o dinamismo, com todo o comprometimento, conseguem demonstrar de forma cabal e efetiva a mudança desses números, e com esse trabalho de receber os alunos, com esse trabalho coordenado, conseguem um resultado que, eu interpreto como sendo em tempo recorde”, afirmou a secretária.

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Para o coordenador regional de Educação de Manacapuru, Messias Furtado, com os resultados obtidos foi possível minimizar, consideravelmente, o índice de alunos não alfabetizados, garantindo o direito de apropriação do sistema de escrita alfabética e assegurando às crianças a base para um desenvolvimento pessoal dentro da sociedade.

“O projeto vem nesse sentido, de encontro a essa recomposição do aprendizado, para que nós possamos entregar o aluno aos anos finais do Ensino Fundamental preparado para dar sequência aos estudos”, declarou.

No mundo mágico da leitura

No município, o projeto se desenvolve por meio de ações pedagógicas sistemáticas, utilizando métodos e práticas estruturadas, mas que podem ser adaptadas de acordo com as necessidades de cada estudante. A partir da avaliação diagnóstica de leitura e hipótese de escrita em cada escola, a quantidade de alunos com aprendizado defasado é levantada, para que seja realizada a identificação do histórico escolar desses estudantes. Logo após, uma reunião com os pais ou responsáveis é realizada, e a partir de todo o conhecimento do contexto ao qual o aluno está inserido acontece a definição de estratégias de recuperação de aprendizagem.

Semanalmente, os alunos participam de atividades pedagógicas, que difere de turma para turma. Na Escola Estadual Virgília Alexandre Maddy, os alunos recebem apostilas com leituras e atividades de escrita, além de serem estimulados também a desenvolverem habilidades de fala e expressão corporal por meio de peças teatrais encenadas pelos próprios alunos.

“No decorrer dessas etapas os professores trabalham com estratégias inovadoras, e no final nós fazemos a culminância como prestação de contas de tudo que foi trabalhado. São resultados positivos, e nós consideramos também os pequenos avanços, que para nós são muito significativos, como as crianças que chegam na escola sem conhecer o alfabeto e saem lendo sílabas, palavras e pequenos textos”, afirmou a diretora da unidade escolar, Joyce Lima.

Em 2024, foram identificados 105 alunos com defasagem de aprendizado na escola, e, a partir do projeto, 49 foram alfabetizados até o fim do ano, podendo, enfim, acompanhar os conteúdos da série escolar à qual pertencem. O aluno Wendrel Campelo,10, do 4º ano, conta feliz que, por meio do projeto, conseguiu alcançar o nível de leitura mais avançado da turma.

“Eu acho que a escola é muito boa para aprender a ler, quando eu cheguei aqui eu não sabia ler, mas aí com o tempo eu aprendi, e no primeiro ano de escola eu já sabia ler”, celebrou.

FOTO: Euzivaldo Queiroz / Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar

Unindo os saberes

Na Escola Estadual Leopoldo Neves, foram identificados 121 alunos com déficit de aprendizagem, e, ao fim do ano letivo, 75 conseguiram ser alfabetizados. Com a ajuda do projeto interdisciplinar “Mureru: rios dos saberes amazônicos”, também direcionado aos alunos com dificuldade em leitura e escrita, os estudantes participam de atividades de expressão artística que os estimulam a interpretar e produzir textos.

FOTO: Euzivaldo Queiroz / Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar

“A mudança é muito significativa, nós temos alunos oriundos de diversas localidades, inclusive alunos que moram a 38km de distância da escola, e os projetos oportunizam justamente a questão do letramento, da criação de poemas, a questão da música, da dança, e é uma grande mudança comportamental e também emocional para que os alunos permaneçam na escola”, afirmou o diretor da escola, Francisco Bastos.