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Lula: ameaça de sanção dos EUA a Moraes é inadmissível

Presidente também voltou a condenar ataques de Israel na Faixa de Gaza

Redação
Por: Redação Fonte: Agência Brasil
03/06/2025 às 13h15
Lula: ameaça de sanção dos EUA a Moraes é inadmissível
© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como inadmissíveis as ameaças de sanção, por parte do governo dos Estados Unidos, contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. “É inadmissível que um presidente de qualquer país do mundo dê palpites sobre a decisão da Suprema Corte de um outro país”, disse Lula em coletiva de imprensa, nesta terça-feira (3), no Palácio do Planalto.

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O governo norte-americano estuda medidas nesse sentido diante da tese divulgada pelos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro de que existe uma perseguição judicial no Brasil no contexto do julgamento por tentativa de golpe de Estado que culminou no 8 de janeiro de 2023.

“Se você concorda ou se você não concorda, silencie. Não é correto você dar palpite. Não é correto você ficar julgando as pessoas. Já tive o meu passaporte suspenso dos Estados Unidos. Acho que os Estados Unidos precisam apenas compreender que respeito à integridade das instituições de outros países é muito importante”, afirmou Lula, ao falar sobre a atuação da Suprema Corte brasileira.

“Achamos que um país não pode ficar se intrometendo na vida do outro, querendo punir o outro país. Isso não tem cabimento”, acrescentou.

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“É importante a gente respeitar. Como eu gosto de respeitar, eu gosto de ser respeitado. Por enquanto, o que nós temos são falas de pessoas. Mas pode ficar certo de que o Brasil vai defender não só o seu ministro, mas a Suprema Corte."

O governo dos Estados Unidos também afirmou quer pretende restringir a entrada no país de autoridades acusadas de promover censura contra empresas e cidadãos norte-americanos. Apesar de não citar pessoas físicas, a medida teria como alvo o ministro Alexandre de Moraes, acusado por apoiadores de Bolsonaro de censurar de parlamentares de direita e plataformas que operam as redes sociais.

Eduardo Bolsonaro

Na coletiva, Lula criticou a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está licenciado de seu mandato, nos Estados Unidos, onde passou a denunciar o que chama de perseguição contra seu grupo político.

“O que é lamentável é que um deputado brasileiro, filho do ex-presidente, está lá a convocar os Estados Unidos para se meter na política interna do Brasil. É isso que é grave, é isso que é uma prática terrorista. Uma prática antipatriótica”, afirmou o presidente.

“Um cidadão que é deputado renuncia ao seu mandato, pede licença do seu mandato pra ficar tentando lamber as botas do [presidente dos Estados Unidos Donald] Trump e de assessores dele, pedindo intervenção na política brasileira. Não é possível aceitar isso.”

Lula classificou a atuação de Eduardo Bolsonaro em solo norte-americano como “desrespeito ao Brasil” e “provocação”. “Esse cidadão pensava isso da Suprema Corte quando mentiu a meu respeito? Você conhece alguma fala dele questionando a Suprema Corte? Não. O pai dele, quando nega a Justiça Eleitoral, não nega os votos que seus filhos receberam. Só nega os dele. Não nega os votos de senadores que foram eleitos. Só nega os dele.”

“É preciso que haja um mínimo de bom senso. Se essa gente pensa que vai ganhar consciência da sociedade com mentira, é um ledo engano”, destacou Lula.

Atendendo ao pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), o ministro Alexandre de Moraes abriu inquérito, no dia 26, para investigar a participação de Eduardo Bolsonaro na articulação com autoridades estadunidenses para promover sanções contra o STF.

O filho do ex-presidente Bolsonaro será investigado pelos crimes de coação no curso do processo e obstrução de investigação por supostamente incitar o governo dos EUA contra Moraes.

Genocídio em Gaza

Durante a coletiva, o presidente Lula também falou sobre o conflito na Faixa de Gaza e afirmou que não é possível aceitar as ações do Exército israelense “como se fosse uma guerra normal”. Para o presidente, o governo de Israel precisa parar com o “vitimismo”.

“Vocês já viram a carta de mil militares [israelenses] anunciando que não é mais guerra, é genocídio. Você não pode, a pretexto de encontrar alguém, matar mulheres e crianças, deixar crianças com fome. Eu não sei se vocês viram a cena de duas crianças que estavam carregando farinha para comer e que foram mortas . Ou seja, é exatamente por conta do que o povo judeu sofreu na sua história que o governo de Israel deveria ter bom senso e humanismo no trato com o povo palestino”, disse Lula.

“Em vez de dizer que é antissemitismo, precisa parar com esse vitimismo. O que está acontecendo na Faixa de Gaza é um genocídio, é a morte de mulheres e crianças que não estão participando de guerra, é a decisão de um governo que nem o povo judeu quer”, acrescentou.

Para Lula, a paz só será alcançada quando o Estado palestino for reconhecido .

No fim de semana, o governo brasileiro criticou duramente a aprovação, pelo governo de Israel, de mais 22 assentamentos israelenses em território palestino . Trata-se, segundo o Itamaraty, de uma “flagrante ilegalidade perante o direito internacional”. Em nota, nesta segunda-feira (2), a Embaixada de Israel em Brasília rebateu dizendo que autoridades pelo mundo “compram mentiras” do grupo militar palestino Hamas e atacam governo do presidente israelense, Benjamin Netanyahu.

Hoje, Lula afirmou que “um presidente da República não responde a uma embaixada”. “O presidente da República reafirma o que disse: o que está acontecendo em Gaza não é uma guerra, é um exército matando mulheres e crianças”, disse.

Agenda internacional

Na noite desta terça-feira, Lula embarca para Paris, na França. Entre amanhã (4) e segunda-feira (9), de junho, ele fará uma visita de Estado que não é realizada há 13 anos por um chefe de governo brasileiro. Um dos pontos altos da agenda deverá ser o anúncio de uma nova declaração climática conjunta dos dois países, em um dos encontros bilaterais entre Lula e o presidente francês, Emmanuel Macron.

A agenda é extensa e, entre os compromissos, Lula receberá o título de doutor honoris causa na Universidade Paris 8 e será homenageado na Academia Francesa. A academia foi criada em 1635, e, em seus quase 400 anos de história, apenas outros 19 chefes de Estado foram homenageados em sessão oficial. Antes dele, o único brasileiro reconhecido pela honraria havia sido Dom Pedro II, em 1872.

Está prevista também a participação de Lula na sessão do Fórum Econômico Brasil-França. O encontro reunirá autoridades e líderes empresariais de ambos os países.

Lula também participará da terceira Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, que deve reunir ao menos 60 chefes de Estado, na cidade francesa de Nice, no próximo domingo (8).

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