
Em um marco histórico, o governo da Coreia do Sul aprovou uma lei que proíbe o comércio de carne de cachorro no país. Após anos de intensos debates, a legislação, que entrará em vigor em 2027, visa erradicar uma prática centenária, mesmo diante das divergentes opiniões da população.
Uma pesquisa Gallup de 2022 revelou que apenas 8% dos sul-coreanos afirmaram ter consumido carne de cachorro nos últimos 12 meses, marcando uma significativa queda em relação aos 27% registrados em 2015. Apesar dessa diminuição, estimativas apontam que cerca de um milhão de cães ainda são abatidos para alimentação anualmente na Coreia do Sul.
O presidente Moon Jae-in, conhecido por sua afinidade com os animais, levantou a proposta de proibir totalmente o comércio em 2021. Agora, com a aprovação da lei, o país concede um prazo para que os estabelecimentos que ainda servem carne de cachorro se ajustem, apresentando planos de eliminação progressiva do item.
Entretanto, a medida desagradou alguns adeptos da carne de cachorro, como Seon-ho, de 86 anos, que argumenta: "Comemos isso desde a Idade Média. Por que nos impedir de comer nossa comida tradicional? Se proíbe a carne de cachorro, então deveria proibir a carne bovina."
A nova legislação, que não torna ilegal o consumo de carne de cão em si, promete praticamente extinguir a prática, apoiada por menos de um quinto da população, de acordo com a pesquisa Gallup. O governo sul-coreano enfrenta o desafio de equilibrar tradições culturais e a crescente sensibilidade para questões de bem-estar animal na sociedade moderna.