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Minha jornada, o Acre e o turismo
Sempre suspeitei de que uma vida bem vivida era aquela em que a gente pudesse conhecer o máximo do mundo. Eu era fascinada pelas reportagens da Ana...
22/06/2025 09h11
Por: Redação Fonte: Secom Acre

Sempre suspeitei de que uma vida bem vivida era aquela em que a gente pudesse conhecer o máximo do mundo. Eu era fascinada pelas reportagens da Ana Paula Padrão, pelas aventuras da Glória Maria e pelas entrevistas do Jô Soares, com seus personagens icônicos.

Foi por causa deles que escolhi cursar Jornalismo, mesmo sendo bastante tímida e nem sempre sabendo como me encaixar em conversas em grupo. No entanto, após concluir a faculdade, prestei o Enem novamente e fui aprovada para o curso de Turismo em outro estado. Queria muito ir, mas o medo de me mudar para um lugar novo, onde não conhecia ninguém, me fez ficar no Acre. Vida que segue.

Anos depois, vieram mais estudos, pós-graduação, filhos e diversas experiências profissionais. Demorei um pouco, mas acabei voltando à redação de jornalismo, agora na Comunicação do governo do Acre, onde aprendi muito e conheci histórias incríveis. Um ano depois, o destino me trouxe novamente ao universo do turismo, quando cheguei à assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Turismo e Empreendedorismo (Sete).

Trabalhar na Sete me ajudou a desmistificar muitas coisas sobre o turismo. A primeira delas foi a percepção comum de que todo mundo pensa que quem faz turismo só viaja, e “não é assim”, me contou uma vez Irleide Portela, servidora da casa. “Para viajar, basta ser turista”, continuou. Mas “o turismólogo está preparado para planejar em cima de potencialidades e necessidades, contribuindo para a geração de emprego e renda”, explicou.

Essa ideia me tocou, porque situação semelhante acontece com a comunicação. Muitas pessoas pensam que qualquer um pode ser jornalista ou criar conteúdo, desde que entenda de celular e consiga curtidas, ignorando os compromissos éticos, legais e a responsabilidade de não enganar ou manipular o público com informações incorretas.

Esse foi o meu segundo grande aprendizado na Sete, o de entender que, independente da área, todo setor é essencial e merece o devido respeito e valorização. Aqui na Sete, por exemplo, temos servidores dedicados à arquitetura e ao design de interiores dos nossos estandes, como a Mariana Soares.

Com os arquitetos Diego Lima e Rodrigo Alencar, Mariana trabalhou incansavelmente no projeto do estande do Acre para a Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e as Florestas (GCF Task Force), realizada aqui no estado. Na minha mente de leiga – novamente com o preconceito que às vezes acompanha a comunicação –, eu achava que era tudo muito simples. Mas aí acompanhei o planejamento do estande durante meses de preparação, ajustes, diálogo, estudo, pesquisa e execução, para os dois dias em que ficou aberto ao público.

O resultado? Um sucesso estrondoso! Só na manhã do primeiro dia, foram mais de R$20 mil em vendas de peças de artesanato, estrategicamente expostas em um ambiente agradável. No estande, os visitantes também puderam conhecer um pouco da Trilha Chico Mendes, o Rio Croa, os geoglifos e a Serra do Divisor. Tudo isso em um ambiente imersivo, que encantou todos que passaram por lá. O governador Gladson Camelí e a vice-governadora Mailza Assis, inclusive, passaram um tempo significativo em nosso estande.

Conversei com a Mariana sobre o projeto, e ela me contou como foi começar a trabalhar no setor de turismo e empreendedorismo: “Comecei a trabalhar ainda na faculdade, fazendo estágio e prestando serviço. Já faz uns seis anos, mais ou menos. Depois que me formei, trabalhei no setor particular e agora estou no meu terceiro ano de governo. Gosto de trabalhar aqui na Secretaria, gosto muito do que eu faço. É muito legal, porque temos a liberdade de criar, e as pessoas ficam impressionadas. Isso enche meu coração, sabe?”.

Quando perguntei como foi planejar todo o espaço do estande da Força-Tarefa GCF, Mariana detalhou a riqueza do projeto: “Para o estande de artesanato, criamos um espaço com bastante iluminação de varal de lâmpada, que é confortável e tem tudo a ver com esse clima de artesanato e madeira. Usamos cores neutras – muito marrom, muito verde –, e elementos de árvore, simulando a Floresta Amazônica, para pendurar os artesanatos. Ficou muito lindo. Decidimos fazer algo que representasse a identidade acreana, então usamos muita folha, muito verde, muitas cores neutras, árvores e madeira”, relatou.

“No espaço de turismo, replicamos da Expoacre 2024 a Trilha Chico Mendes, uma trilha fictícia com som de passarinhos, iluminação verde, muitas plantas… aquela energia de trilha mesmo! Colocamos até um pedaço de madeira no meio do caminho para simular as dificuldades da mata. Também criamos a Serra do Divisor com óculos 3D e um mirante para fotos instagramáveis. E o Croa, que fizemos com folhas e plantinhas decorativas, a Vitória Régia e sua florzinha feita à mão pela dona Edna Paro. Com um barquinho, você tira a foto e tem a sensação de estar navegando no Rio Croa, com estrelas… ficou muito lindo!”, descreveu Mariana.

A oportunidade foi muito boa para Luan de Lima Pereira, que é cadeirante e estudante do curso de Ciências Sociais na Ufac: “Eu achei muito bom, vale muito a pena a experiência, muito legal”. O caso do visitante destacou como o turismo, quando pensado também para ser inclusivo, pode transformar a vivência de um destino. O projeto agora segue em adaptação para a Expoacre Juruá, Salão do Turismo e 50ª Edição da Expoacre, em Rio Branco.

É, sem dúvida, um trabalho muito bonito, que exigiu tempo e dedicação de várias equipes. Todos estiveram muito envolvidos, coincidentemente, pouco mais de um mês depois das comemorações do Dia Nacional do Turismo, em 8 de maio, quando celebrei mais um ano de vida. O turismo realmente tem um potencial transformador.

Karolini Oliveira é jornalista e mestre em Letras: Linguagem e Identidade pela Universidade Federal do Acre (Ufac). Natural de Rio Branco (AC), atualmente atua como assessora de Comunicação na Secretaria de Estado de Turismo e Empreendedorismo, além de prestar assessoria para projetos culturais no Acre

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