As três principais terras indígenas do Vale do Juruá estarão em festa, neste sábado, 19 de abril, para comemorar o Dia dos Povos Originários. A data marca o reconhecimento da importância das cultura Indígena para a Nação Brasileira.
As festividades contam com o apoio institucional da Secretaria Extraordinária de Povos Indígenas (Sepi) que tem incentivado as manifestações culturais dos povos indígenas do Acre.
As etnias Puyanawa, Noke Koi (Katuquina) e Nikini irão comemorar a data com músicas e danças tradicionais dos seus povos. As festividades começarão pela manhã do sábado e irão se estender até a noite. Também não vai faltar a caiçuma, uma bebida ancestral Indígena que é produzida a partir da fermentação da mandioca.
A caiçuma tem uma grande importância para os povos indígenas do Juruá. Normalmente é consumida nas festas comemorativas. A sua produção envolve o trabalho coletivo de homens, mulheres, jovens e criança. E depois de pronta é distribuída para todos para alegrar as festividades.
A jovem Carol Puyanawa fala da importância do 19 de abril para a sua etnia.
“Para nós Puyanawa essa é uma data que significa a nossa resistência contra o sofrimento e os retrocessos de outros tempos. Mas hoje estamos com a nossa cultura viva e fortalecida. Sempre cantando, dançando, nos pintando e tomamdo a nossa caiçuma,” reflete Carol Puyanawa.
“Ser indígena é honrar os nossos ancestrais. Somos um povo trabalhador conectado com a natureza. Para nós a floresta é a nossa casa e temos que preservá-la. E entendemos que esse nosso propósito faz de nós guardiões do meio-ambiente o que acaba beneficiando as pessoas do planeta inteiro,” afirma a jovem Indígena.
O Cacique Joel Puyanawa tem incentivado a realização de eventos que mostram aos visitantes a cultura dos seus povos.
“Tanto o Dia dos Povos Originários, quanto a celebração da demarcação da nossa terra, assim como o Festival Atsá envolvem o trabalho coletivo e a união de toda a nossa comunidade. Também a recepção de visitantes sempre gera uma economia com a venda de alimentação e artesanato. Entendo que o turismo etnoecológico é uma atividade econômica sustentável que beneficia todas as aldeias indígenas”, afirma Joel Puyanawa.
As festividades na Terra Indígena Puyanawa, que fica em Mâncio Lima, no Ramal do Barão, começam às 8hs da manhã. Todos que quiserem podem participar gratuitamente.
Também na Aldeia Variskul, na Terra Indígena Katuquina, que fica na BR 364, no município de Cruzeiro do Sul, haverá muita festa para celebrar o Dia dos Povos Originários.
Desde o amanhecer até à noite os moradores se reunirão para beberem a caiçuma, dançar e cantar. O Cacique da Variskul Adriano Katuquina promete ainda as tradicionais brincadeiras envolvendo os indígenas e os visitantes que chegarem para a celebração.
“É importante lembrar do passado dos nossos ancestrais para termos uma esperança para as novas gerações do nosso povo no futuro. É por isso que a gente comemora o Dia dos Povos Originários mostrando a nossa cultura através das nossas danças, nossos cantos sagrados, das pinturas e das brincadeiras que são uma tradição das nossas comunidades,” explica Adriano.
A Aldeia Recanto Verde que fica na Terra Indígena Nukini, no Alto Rio Môa, no município de Mâncio Lima, também irá fazer uma grande festa no 19 de abril.
O Cacique Xitin Nukini abre as portas da sua comunidade para receber visitantes de diversas partes do Brasil e do mundo.
“Queremos fortalecer cada vez mais a nossa cultura tradicional Nukini. A celebração do Dia dos Povos Originários significa que estamos vivendo as nossas tradições que traz na sua essência um grito de resistência para a manutenção da floresta viva,”diz Xitin.
Para o Cacique mostrar a cultura do seu povo para pessoas que vivem em outros lugares do mundo é importante.
“Só existe respeito por alguma coisa quando se tem conhecimento daquilo. Então quando recebemos visitantes e mostramos as nossas tradições estamos fortalecendo as nossas raizes ancestrais. Também para organizar uma celebração temos mobilizar toda a comunidade para produzir a caiçuma, e realizar as danças e cantos tradicionais. Então isso significa também o fortalecimento da união do nosso povo,” completa o Cacique.
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